O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse na tarde desta quinta-feira (15) que o aumento de US$ 1,19 para US$ 4,20 por milhão de BTU no preço do gás boliviano pago pela Termocuiabá será repassado aos consumidores de 34 distribuidoras que representam boa parte do Sistema Interligado Nacional (todo o País menos a região Norte). O impacto nas contas de luz desses consumidores, segundo o ministro, deverá ser de aproximadamente 0,2%. Esse aumento deverá ser aplicado à conta dos consumidores pela Agência Nacional de Energia Elétrica, no momento do cálculo do reajuste anual das tarifas de cada uma dessas distribuidoras de energia. Assim, o impacto desse aumento do gás não será pago nem pela Shell, que é a controladora da usina, nem por Furnas, que compra a energia gerada pela Termocuiabá, e sim pelos consumidores finais.

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Rondeau justificou a atitude do governo de intermediar uma negociação entre as duas empresas (a termoelétrica e a estatal boliviana YPFB) por temer que os bolivianos pudessem interromper o fornecimento de gás à termoelétrica, o que poderia comprometer não somente o abastecimento de energia em Cuiabá, como o mercado de gás natural na região. Rondeau afirmou que havia no contrato da Termocuiabá com a Bolívia um desequilíbrio econômico e financeiro, uma vez que o preço que estava sendo pago pelo gás era muito inferior ao que é pago pela Petrobras pelo combustível que é transportado pelo gasoduto Brasil Bolívia. Segundo ele, os bolivianos argumentavam que o preço pago pelo gás com a Termocuiabá não era suficiente para cobrir os custos de produção.

Gastos recuperáveis

Rondeau afirmou que os gastos a mais que a Petrobras terá com o acordo fechado com a Bolívia para o preço do gás são "recuperáveis". O acordo estabelece que o Brasil pagará a mais, seguindo as cotações internacionais, pelos componentes mais nobres do gás natural, que excederem um piso energético estabelecido em 8.900 quilocalorias por metro cúbico de gás.

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Rondeau explicou que esse gasto adicional será recuperado tão logo a Petrobras instale uma fábrica de separação desses componentes para vendê-los à indústria petroquímica. Mas, por enquanto, ainda não há uma previsão de quando essa indústria poderá ser instalada. "A Petrobras deverá achar uma solução no curto prazo para resolver isso. A empresa já está investindo em novas refinarias, por exemplo, e deverá ter uma resposta para isso", afirmou.