Para Requião, redução da taxa básica dos juros é insignificante

O governador Roberto Requião voltou a criticar o atual modelo econômico e disse que a redução da taxa básica de juros de 19,75% para 19,5% é insignificante. A análise da medida, adotada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), foi feita para cerca de 650 profissionais que se reuniram na noite de quarta-feira na abertura da 14ª Convenção Estadual dos Contabilistas do Paraná, em realização no Centro de Eventos Expotrade, em Pinhais.

?Os juros foram reduzidos, porém continuamos com a maior taxa do planeta. Se cortássemos pela metade, ainda assim continuaríamos na liderança, porque na Turquia a taxa de juros é um pouco mais de um terço das que são cobradas hoje no Brasil?, afirmou. ?O neoliberalismo defende que o Banco Central seja independente. Independente dos interesses nacionais, do povo, mas absolutamente dependente dos banqueiros?.

O governador disse também que o que o preocupa, no momento atual, não é a cassação de deputados. ?Disso quem cuida é o Congresso Nacional, a Polícia Federal e o Ministério Público. O que me preocupa é o modelo econômico e os elogios insistentes de que esse país vai bem e que a economia é um sucesso. Existem empregos criados é verdade, mas empregos de um a um salário mínimo e meio.?.

Num país, onde apenas 5% da população tem uma renda pessoal acima de R$ 800, acrescentou Requião, não se consolida um processo de desenvolvimento, ?porque não há mercado interno, nem poder aquisitivo e muito menos a força de uma indústria nacional e permanente?. O tema do encontro foi ?O contabilista em sintonia com a sociedade?.

Segundo o governador, o Brasil se transformou num país de ?capital de motel?, onde os recursos externos chegam no fim da tarde e saem antes que amanheça. ?Fui relator da CPI das Letras Públicas, que hoje nem seria necessária, porque o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, legalizou a entrada e saída de recursos de qualquer natureza, sem nenhuma restrição?.

O Chile, do liberalismo econômico, estabelece um prazo mínimo de 1 ano e uma ?quarentena? de 3 meses, sem remuneração, para esses recursos, disse ainda Requião. ?A Argentina faz o mesmo, mas o Brasil resolveu que vai crescer com os juros altos e valorização da moeda, o que é uma inversão das leis conhecidas da economia. Uma negação absoluta da realidade, uma tolice econômica do governo rigorosamente incompetente e submisso?, acrescentou.

Caixa 2

O presidente do Conselho Regional de Contabilistas do Paraná, Mauricio Fernando Cunha Smijtink, afirmou que o principal objetivo da convenção estadual é ?esclarecer a classe contábil de seus reais deveres frente a Lei de Responsabilidade Fiscal, não apenas nos números que produzem, mas da responsabilidade social na sociedade, inibindo o chamado caixa 2, que tanta preocupação tem trazido ao país ultimamente?.

Em sua opinião, somente uma contabilidade séria, isenta, seria capaz de inibir a existência de um caixa paralelo ou ?valores não contabilizados?, como diz Delúbio Soares, ex-tesoureiro nacional do PT.

?O chamado caixa 2, na grande maioria das vezes, não passa pelo conhecimento do contabilista, porque é formado por valores não contabilizados, que não tramitam por contas correntes, mas em dinheiro de origem duvidosa e, portanto, fora do circuito que é palpável ao contabilista. O que tentamos fazer é que o contabilista perceba os indícios de irregularidades e faça com que apareçam de uma forma clara tanto para os gestores quanto para a sociedade?, acrescentou.

Isenção do ICMS

Maurício Smijtink elogiou a política tributária adotada pelo governo Roberto Requião, que ?tem feito um trabalho muito bom para os pequenos e médios empresários, abrindo mão de tributos em favor da geração de empregos. A nova política do ICMS é fantástica para a sociedade e vem refletindo de forma positiva também para a profissão contábil, porque tem incentivado não só a geração de empregos, mas o surgimento de novas empresas em todo Estado e isso representa mais trabalho para nós?.

Homenagens

Além dos discursos de Requião e Smijtink, a solenidade de abertura da convenção dos contabilistas paranaenses foi marcada por homenagens prestadas a Valdir Pietrobon, que recebeu o título de ?Contabilista Emérito?. Familiares de Orlando Rodrigues da Silva, falecido em agosto deste ano, em Maringá, receberam o título ?in memória? de ?Técnico em Contabilidade Emérito?; e Lauro Antunes Oliveira, de Umuarana, considerado ?Dirigente Sindical Emérito?.

O presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, Mauricio Smijtink, recebeu o título de ?Contabilista do Ano?. Os contabilistas Antonio Carlos Siqueira Euclides Locatelli foram anunciados como novos membros da Academia de Ciências Contábeis do Paraná e receberam o fardão de ?imortais?. Eles serão empossados e diplomados numa solenidade especial programada para novembro.

A convenção estadual será encerrada nesta sexta-feira (16) e está sendo prestigiada pelos presidentes dos Conselhos Regionais de Contabilistas de Santa Catarina, Nilson José Goedert; do Rio Grande do Sul, Enory Luiz Spinelli, e do Pará, Delfina Maria Melo Vieira.

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