Para Fórum Nacional pela Reforma Agrária, 2005 foi um ano ruim

Brasília – O ano de 2005 foi classificado como negativo pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo para os trabalhadores rurais. Segundo o fórum, que integra 45 entidades do campo, cresceu a violência no meio rural e, na comparação com anos anteriores, menos famílias foram assentadas no país. Os dados foram divulgados hoje (19), na sede da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.

De acordo com os dados, de janeiro a novembro deste ano, 37 trabalhadores rurais foram assassinados em conflitos no campo. Em 2004, 35 camponeses haviam morrido em disputas por terra. Entre os índios, foram 36 assassinatos. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a maior parte dos assassinatos de índios ocorreu por disputas de território.

As entidades que compõem o fórum atribuem ao governo federal a responsabilidade pelo ano ruim. Para elas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de cumprir acordos assumidos com trabalhadores rurais e priorizou o agronegócio deixando em segundo plano a agricultura familiar. "Foi um ano frustrante, mas isso não é de agora, já vem sendo queixa dos diversos movimentos que lutam no campo. Há uma frustração desde o lançamento e a concretização do plano (Plano Nacional de Reforma Agrária)", disse o presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dom Tomás Balduíno.

Dom Tomás afirmou ainda que a expansão do agronegócio é prejudicial para os pequenos produtores e também afeta as populações indígenas. "Todos os lados, até o lado indígena, sente como obstáculo à própria sobrevivência. O espectro do agronegócio está crescendo, indo de vento em poupa, e isso gera conflitos por terra". Segundo o presidente da CPT, um levantamento da Comissão Pastoral da Terra revelou que "quanto mais expressivo o crescimento do agronegócio, maior o número da violência".

Durante a divulgação do balanço anual, o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo apresentou um manifesto no qual relata as falhas do governo em relação ao homem do campo e aponta saídas para o problema.

Voltar ao topo