Rio ? O cumprimento das cotas de vagas em universidades públicas destinadas a alunos egressos de escolas do ensino médio público vai permitir que seja garantida a presença de estudantes negros e indígenas. A avaliação foi feita pela deputada Iara Bernardi (PT-SP), relatora do substitutivo aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que define o percentual de 50% das vagas para alunos que tenham cursado o ensino médio, integralmente, em escolas públicas.
"Esses estudantes descendentes de negros e indígenas estão na escola pública. Essas parcelas da população, e no caso da Bahia, onde a maior parte da população sofreu grande discriminação e não atingiu a cidadania no mesmo tempo que outras parcelas da sociedade brasileira, merecem uma medida compensatória", afirmou em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.
Para a parlamentar, a situação é semelhante a das mulheres no processo eleitoral, que, segundo ela, estiveram por muito tempo afastadas, portanto, em "franca minoria" no Congresso Nacional e nos espaços do poder. "No caso de descendentes de negros e indígenas que são, no Brasil, discriminados principalmente pela aparência, merecem essa ação afirmativa. Esse é um debate que o Brasil tem que necessariamente fazer", defendeu.
Iara Bernardi acrescentou que a presença desses estudantes é relevante, principalmente, nas universidades mais caras, porque eles não têm recursos para pagar os cursos. "É extremamente importante para que tenhamos uma sociedade igualitária no Brasil. Tem cursos que são caros, como o de medicina em que esses estudantes mais pobres e carentes sequer chegam. Por isso, esse sistema de cotas que estamos debatendo e foi aprovado na Comissão, fala que as vagas têm que ser respeitadas em qualquer curso dentro da universidade", acrescentou.
Segundo a parlamentar, o substitutivo, agora, segue as discussões no Senado, onde já existem projetos dos senadores Ideli Salvati (PT-SC), Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e José Sarney (PMDB-AP). A deputada lembrou que a discussão de cotas para estudantes do ensino público vem de muito tempo no Congresso e o projeto mais antigo que serviu de base para o debate foi apresentado em 1999 pela deputada Nice Lobão (PFL-MA).