As informações foram dadas pelo promotor Sebastião Sérgio da Silveira, uma das pessoas responsáveis pelo depoimento.
De acordo com o promotor, o intermediário das negociações era o ex-secretário de Palocci, Ralf Barquete dos Santos. "Ele disse que o esquema era acertado com o Palocci e que o Ralf era o emissário para receber. O saque era feito em dinheiro dos bancos Banespa e Bradesco, sempre através de notas frias que eram compradas no mercado. Ou as notas eram fornecidas pelo beneficiário ou a Leão as fornecia", explicou. "O acerto foi feito com a diretoria e o Ralf ia todo mês buscar esse dinheiro na Leão".
O promotor disse que Buratti explicou que o esquema de pagamento continuou durante o governo de Gilberto Maggione, após Palocci ter deixado a prefeitura para assumir o Ministério da Fazenda.
Segundo o promotor, o esquema envolvia, também, outras prefeituras do estado de São Paulo, mas a forma de pagamento era diferente. "Em Ribeirão Preto não era percentagem, porque, segundo ele, o preço ficava apertado. Agora, nas outras cidades, o pagamento variava em torno de 5% a 15% do faturamento", explicou o promotor. Buratti acrescentou que em Matão (SP), por exemplo, o acerto seria de 15% do contrato.
O promotor, no entanto, afirmou que Buratti não sabia se o dinheiro era enviado para o diretório nacional do PT em São Paulo. "Ele disse que ouviu do Ralf que o Palocci determinava a entrega desse dinheiro ao diretório do PT em São Paulo", afirmou Sebastião. "Ele afirma que eram destinados ao prefeito de Ribeirão Preto, na época, R$ 50 mil. Era o ministro Palocci no início e, posteriormente, o Gilberto Maggione", disse.
Ontem, o Ministério Público concedeu o benefício da delação premiada a Buratti. Ele poderá ter a pena reduzida em troca da divulgação de informações. "Ele está colaborando, falando tudo. E o que ele fala está de (acordo) com as outras provas que a gente tem", explica o promotor.