Um quarto da população brasileira de 15 anos ou mais de idade consegue, no
máximo, ler e escrever com dificuldade. Em 2003, eram 31,3 milhões (24,8%) de
analfabetos funcionais. Dentro deste universo, estão 14,7 milhões de homens e
mulheres totalmente analfabetos. Apesar das taxas de analfabetismo ainda
elevadas, o País avançou nos últimos dez anos. Em 1993, o analfabetismo atingia
16,4% da população. Entre 2002 e 2003, a queda no analfabetismo foi muito
pequena, de 11 8% para 11,6%.

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A taxa de analfabetismo funcional era de
36% em 1993. Na definição do IBGE, os analfabetos funcionais têm entre zero e
quatro anos de estudos. "O analfabeto funcional escreve textos simples e tem
pouco entendimento do que lê. O analfabeto não consegue ler e escrever e, no
máximo, só assina o próprio nome. A Unesco diz que as chances de o analfabeto
funcional voltar à condição de analfabeto são maiores, porque as bases de
leitura, escrita e compreensão não foram consolidadas", diz a pesquisadora do
IBGE Bárbara Cobo, responsável pela análise dos dados de Educação da Síntese de
Indicadores Sociais.

A coordenadora da Síntese, Ana Lúcia Sabóia, alerta
que a continuidade dos avanços no combate ao analfabetismo depende de ações
específicas nas áreas onde os indicadores ainda são muito ruins e as melhorias,
muito lentas. Um desses locais é o Estado de Alagoas, que ainda coleciona maus
resultados e, em dez anos, conseguiu uma redução de apenas 10,1% na taxa de
analfabetismo da população com 15 anos ou mais de idade, passando de 33,8% em
1993 para 30,4% em 2003.

Outro estado nordestino que figura entre os mais
pobres do País, o Maranhão, teve desempenho bem melhor do que Alagoas, reduzindo
a taxa em 35% no mesmo período. Alagoas também é o Estado com a menor média de
anos de estudos (4,4, na população de dez anos ou mais de idade) e com pior
índice de defasagem. Mais de 91% das crianças de 14 anos ainda não chegou à
sétima série. No Brasil, a defasagem ainda é muito alta, com 64% dos estudantes
de 14 anos em atraso escolar, índice de Ana Sabóia considerou
"escandaloso".

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"A queda maior ou menor do analfabetismo está atrelada a
iniciativas específicas para alfabetização dos jovens e adultos, seja do poder
público ou da sociedade civil", diz a pedagoga Dolores Kappel. Dolores é
consultora do Ministério da Educação no mapeamento de todas as iniciativas de
alfabetização existentes no País.

Além da desigualdade entre os Estados,
o abismo entre ricos e pobres é outra barreira no avanço da educação no País. A
média nos 20% mais pobres da população adulta de 25 anos ou mais é de apenas 3,8
anos de estudos, enquanto entre os 20% mais ricos, chega a 10,3 anos. Mesmo no
grupo de maior renda, a média das pessoas sequer completou o ensino
médio.

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Escolas

A pesquisa aponta a existência de 191.055
estabelecimentos de ensino no País, em 2003, mas apenas 11,5% do ensino médio, o
que é considerada uma proporção baixa pelos analistas do IBGE. "Não obstante a
maior demanda pelo ensino médio, corroborada pelo crescimento na taxa de
escolarização dos grupos etários correspondentes a esse nível, a oferta ainda
restrita de estabelecimentos de ensino médio, principalmente nos municípios de
menor porte, acaba por limitar a progressão escolar de parte significativa de
estudantes brasileiros", aponta o diagnóstico do IBGE. A análise lembra que
maior escolaridade é uma exigência cada vez maior do mercado de trabalho e que
"a demanda por educação no Brasil ainda é bastante elevada".