Os desafios do novo ministro da Cultura

O novo governo que se inicia no dia 1.º de janeiro vai ter diversos desafios na área cultural: recuperar equipamentos culturais (segundo o Censo do IBGE, existem cerca de 1,5 mil salas de cinema no Brasil, o que limita a 7% ou 8% o público espectador no País); promover uma revisão eficiente das leis de incentivo, pelas quais foram captados R$ 2 4 bilhões entre 1996 e 2001; modificar o perfil orçamentário do Ministério da Cultura, entre outros feitos.

O diagnóstico acima é do próprio Partido dos Trabalhadores, o partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Para resolver esse problema, há a questão inicial de pôr o homem certo no lugar certo.

Alguns dos ministeriáveis mais proeminentes para a pasta da Cultura no governo Lula são também óbvios: Marco Aurélio Garcia (secretário de Cultura do governo Marta Suplicy), Sérgio Mamberti (velho militante das causas culturais pelo PT) e o deputado Hamilton Pereira, um dos articuladores do programa de cultura do então candidato Luís Inácio Lula da Silva.

Garcia está realizando uma gestão razoável na cultura paulistana até agora. Trata de recuperar equipamentos, deteriorados durante as gestões Maluf e Pitta (como a Biblioteca Mário de Andrade) e preconiza uma conexão com os padrões franceses de divulgação cultural. Mas comenta-se, nos bastidores do PT, que seu destino certo será o de chanceler no governo Lula e que se ocuparia de relações internacionais.

Mamberti tem sido sempre citado como ?ministeriável? ou ?secretariável? por causa da ação que exerce na área, posicionando-se sempre em questões polêmicas e firmando-se como um elo entre a classe teatral e o Estado. Em 1993 e 1994, Mamberti foi um dos designados para defender em debates públicos o programa de cultura do então candidato Lula.

Antonio Grassi, com a saída de Benedita da Silva do governo carioca, aparece como opção por ter feito uma gestão cautelosa no Rio, apesar dos recursos modestos e do tempo escasso. Buscou acordo com o Teatro Municipal de São Paulo para fazer óperas e criou fundo de incentivo direto, mas foi uma temporada restrita.

Já Hamilton Pereira, pivô do célebre jantar de R$ 1 mil por cabeça que Lula deu em Sorocaba (o dinheiro destinava-se a ajuda hospitalar para o deputado, que estava doente e sem dinheiro) foi autor de projeto que previa a ampliação da programação regional da TV Cultura. O parlamentar assinalou, nas justificativas do projeto, que ?a massificação pelos meios de comunicação ridiculariza valores locais e coloca a população à mercê de padrões cosmopolitas, alienantes e embrutecedores?.

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