Oposição no Senado culpa Lula pelo “mar de lama”

Brasília (AE) – Os partidos de oposição no Senado voltaram a atacar o governo, o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsabilizando-os, "pelo mar de lama, pela corrupção desenfreada e pelas mentiras que tomaram conta do País". Sozinho na defesa do governo, o líder Aloizio Mercadante (PT-SP) revezou-se entre negociações com seus colegas para a CPI do Mensalão e as corridas ao plenário e salas das CPIs dos Correios e dos Bingos.

"É preciso respeito institucional ao presidente da República. O presidente Lula tem o respeito da população, que lhe deu 53 milhões de votos, tem uma história de vida que o credencia a ser um dos mais populares líderes do País e do mundo", reagiu Mercadante imediatamente depois de o líder da minoria, José Jorge (PFL-PE), ter enumerado "6 mentiras do governo" e ter concluído com uma provocação: "Na entrevista à TV francesa, divulgada domingo no Brasil, o presidente Lula falou que é preciso dizer a verdade. Acho que o presidente é que deveria dizer a verdade, porque talvez o presidente da República tenha sido o maior mentiroso de seu governo".

Mercadante disse que o debate político tem de ser feito com respeito entre as partes. Acrescentou que nunca ouvira falar no empresário Marcos Valério Fernandes de Souza até a crise política atual, e que os empréstimos feitos pela direção do PT não eram do conhecimento de ninguém. "Nunca trataram disso nas reuniões do diretório nacional", afirmou Mercadante.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) utilizou seu tempo na tribuna para dizer que não tem mais dúvidas de que o presidente Lula "sabia de tudo", ao referir-se às denúncias de corrupção praticada por integrantes do PT e do governo. Para o senador, "a situação do PT é caótica". Por isso, para ele, o presidente agora quer "afastar-se do partido para não ser maculado". ACM acrescentou que o presidente Lula "enxovalhou a honra de José Genoino, do deputado José Dirceu e de outros dirigentes do PT, quando os desqualificou", na entrevista que concedeu a uma repórter free-lancer brasileira, em Paris, na sexta-feira.

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse que o governo, hoje, lembra o "Vale de los caídos", não o "Vale" de Garcia Lorca e de outros espanhóis que combateram a ditadura do general Francisco Franco, nas proximidades de Madri, mas um "vale de los caídos" de um PT "enlameado e sujo". O senador repetiu seu colega Pedro Simon (PMDB-RS), que disse, sem rodeios: "O nome disso é formação de quadrilha", quando lembrou que numa sala contígua à do presidente Lula, no Palácio do Planalto, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-secretário do partido Silvio Pereira negociavam cargos.

Antonio Carlos Magalhães disse ainda que pretende saber muito mais sobre o esquema de corrupção praticado por integrantes do PT. Incluiu, na sua lista, a ligação de Fábio Lula, filho do presidente da República, com a empresa de telefonia Telemar, que teria aumentado em cerca de R$ 5 milhões o capital de uma empresa de jogos eletrônicos, cujo sócio majoritário é Fábio. "Quero saber ainda da IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), da Infraero e, principalmente, dos fundos previdenciários", disse o senador. Ele pediu que os anais do Senado registrassem artigos publicados no em "O Estado de S. Paulo"e "Folha de S. Paulo" no fim de semana, sobre denúncias de corrupção nos fundos de Previdência.

No final de toda a discussão, sobrou críticas para o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, que num ato público no Ceará atacou Antonio Carlos. "Quero dizer, Ciro, meu amigo, que a obra de transposição do Rio São Francisco está sendo feita para que os empreiteiros roubem". Animado e lembrando-se de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso move um processo contra Ciro Gomes, o senador Arthur Virgílio não resistiu: "Você está muito sumido, Ciro. Venha para a liça. Venha defender o governo Lula. Não fique aí escondido".

Voltar ao topo