Operação da PF causa nervosismo no Congresso

A Operação Navalha começou de madrugada em Brasília e levou nervosismo ao Congresso. Foram raros os parlamentares que manifestaram satisfação com o envolvimento de adversários, mas houve quem lamentasse a prisão de conhecidos. Os policiais foram convocados pela cúpula da PF às 2h30. Meia hora depois, estavam concentrados no prédio-sede. A partir do momento em que vazou a lista de prisões a serem feitas, com nomes de políticos de expressão, houve apreensão no Congresso e na Câmara Distrital. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ouviu de um colega que ninguém teria o que comemorar, porque ninguém sabe ?onde essa história vai parar?.

Renan só chegou ao Congresso no fim da tarde, depois de trocar telefonemas com o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), aliado que teve um secretário preso. O que mais preocupava o senador era a notícia de sua amizade com Zuleido Soares Veras, dono da Gautama. ?Você pode ter amizade, mas não quer dizer que se é amigo de práticas criminosas?, disse. Em seguida, observou que não sabia ?a extensão dessa história? e não queria ?prejulgar ninguém?.

O senador José Sarney (PMDB-AP) e a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), recusaram-se a comentar a Operação Navalha. Embora a PF tenha prendido o maior adversário de ambos no Maranhão, o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), o PMDB dos Sarney preferiu se calar. Ajuda a entender a cautela o fato de outro preso, assessor do Ministério das Minas e Energia, ter sido indicado por Sarney e Renan. Nesse caso, quem comemorou foi o PMDB da Câmara, que disputa cargos no setor elétrico com a bancada do Senado e acredita que ficará mais fácil emplacar nomes.

No DEM, a pergunta recorrente era por que a operação foi deflagrada agora, quando começam as CPIs do Apagão Aéreo. O presidente, Rodrigo Maia (RJ), defendeu a atuação da PF no combate à corrupção, mas solidarizou-se com o ex-governador João Alves, que é de seu partido e teve um filho preso. ?É um homem sério e de bem?, disse.

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