ONU pretende comprar alimentos produzidos pelo MST

A Organização das Nações Unidas (ONU) pretende comprar alimentos produzidos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para colaborar com a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a pobreza.

James Morris, diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos da ONU, disse que a compra da produção do MST faz sentido porque garantiria renda e auto-suficiência para agricultores pobres. Morris, que dirige em Roma a maior agência humanitária do mundo que atende 110 milhões de pessoas por ano, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com representantes do MST durante sua visita de quatro dias ao Brasil nesta semana.

“Estamos buscando uma oportunidade de comprar aqui e isso seria bom para todos e faz sentido. Espero que funcione”, afirmou Morris em entrevista à na noite de hoje. “Temos um enorme interesse no bem-estar dos pequenos agricultores e de comprar deles sempre que possamos. Nada substitui o fato de uma família ter renda para poder cuidar de si mesma.”

A venda de alimentos do MST para a ONU deve desagradar a muitos fazendeiros brasileiros, que consideram que o movimento dos sem-terra viola as leis ao ocupar propriedades.

Morris afirmou, porém, que a medida pode ajudar os pobres brasileiros a terem renda. A produção adquirida aqui seria exportada para países onde a ONU mantêm seus programas alimentares, como Peru, Bolívia e Haiti.

O diretor-executivo elogiou o esforço de Lula para colocar a fome na agenda mundial. Em janeiro, o presidente brasileiro se reuniu com seu colega francês, Jacques Chirac, e com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para discutir os planos de um “Fome Zero global”.

“Sou muito grato de que o presidente de um país tão importante quanto o Brasil esteja disposto a ser um defensor muito agressivo dos famintos do mundo”, disse Morris.

Lula considera que a luta por justiça social é essencial para garantir a segurança mundial. Morris concordou com essa opinião, dizendo que “talvez os líderes mundiais estejam preocupados demais com conflitos” como os do Iraque e do Afeganistão. “As questões da paz e da segurança estão ligadas à segurança individual, e a segurança individual está ligada à alimentação, à saúde e às oportunidades.”

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