ONU diz que existe tráfico de menores no futebol

O futebol pode estar sendo usado para alimentar redes de tráfico de seres humanos. A ONU relevou ontem o caso de 34 jovens jogadores que foram descobertos depois de três meses de desaparecimento na África.

Os atletas tinham recebido de um agente a promessa de que seriam levados para a Europa para integrar grandes clubes. O caso se transformou em uma crise diplomática e órgãos das Nações Unidas tiveram de se envolver na crise para garantir que os jogadores pudessem voltar a suas casas na Costa do Marfim.

?Essa é apenas a ponta do iceberg. Um número cada vez maior de africanos é enganado com promessas de sucesso e fama. Mas eles acabam em situações em que ficam sem documentos, sem passaporte e sem dinheiro em vários locais do mundo?, afirma a Organização Internacional de Migrações, agência da ONU que se ocupa do fluxo de pessoas e que prevê que vários casos similares estão ocorrendo nos países pobres.

No caso revelado ontem, os jogadores receberam convites para jogar na Europa e eram todos de um bairro pobre na capital da Costa do Marfim, Abidjan. Os pais desses jovens chegaram a pagar cerca de US$ 600,00 aos supostos agentes dos clubes europeus para que viabilizassem as transações.

Mas os jogadores nem sequer chegaram à fronteira da Europa. Os 34 atletas, entre 16 e 18 anos, foram levados a uma cidade no sul do Mali e ficaram impedidos de sair de uma casa por três meses. Segundo a Unicef – órgão da ONU que cuida de crianças -, os jogadores dormiam no chão e tinham pouca comida durante os três meses.

De acordo com a entidade ligada à ONU, o presidente do clube em que os atletas jogavam, o Yopougon, e os agentes foram presos e serão julgados.

?Muitos jovens olham para essas propostas como uma solução para escapar de suas vidas miseráveis e estão dispostos a correr riscos?, afirmou a porta-voz da Organização Internacional de Migrações.

?O sonho desses jovens foi destruído?, completou Vivianne Van Hoeck, especialista da ONU que acompanhou o retorno dos jogadores para casa. Em sua visão, os jogadores seriam usados em várias formas de exploração de crianças. A ONU agora promete ajudar o governo da Costa do Marfim na reintegração dos jovens.

Voltar ao topo