Olmert reconhece avanço em proposta árabe de paz

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, elogiou hoje uma proposta árabe de paz que prevê o reconhecimento pleno do Estado judeu como um importante avanço nas relações com os países árabes, mas manteve a rejeição ao eventual retorno dos refugiados palestinos, informou a imprensa local. Numa série de entrevistas concedidas a veículos de comunicação israelenses às vésperas do feriado judaico do Pessach, Olmert disse que pode haver um amplo acordo de paz para encerrar o conflito no Oriente Médio dentro de cinco anos, mas observou que um tratado de paz imediato não parece provável.

Os esforços para a retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos intensificaram-se nos últimos meses, com diversas viagens da secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, à região para incentivar Olmert e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, a voltarem a negociar. Numa reunião de cúpula encerrada ontem na Arábia Saudita, os países árabes concordaram em relançar uma iniciativa de paz apresentada em 2002 e imediatamente rechaçada por Israel na ocasião.

A proposta, formulada originalmente pela Arábia Saudita, prevê o total reconhecimento de Israel pelos países árabes em troca da retirada israelense de todos os territórios árabes ocupados em 1967 e da aceitação do estabelecimento de um Estado palestino. O documento também exige uma "solução justa" para os refugiados palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas casas em 1948, durante a guerra que resultou na criação do Estado judeu.

Abbas aceitou a proposta. Por sua vez, o primeiro-ministro da ANP, Ismail Haniye, esteve em Riad para a reunião da Liga Árabe e não se opôs à oferta de paz. Haniye pertence ao Hamas, um grupo radical islâmico que tem resistido à pressão para aceitar abertamente Israel. Olmert considerou que o fato de líderes árabes discutiram a possibilidade de normalizar as relações com Israel representa "uma perspectiva de mudança revolucionária". Entretanto, Olmert disse ao jornal Maariv que não aceita na íntegra a iniciativa saudita, mas considerou positivos os desdobramentos.

Israel opõe-se à retirada de todos os territórios árabes ocupados com a intenção de manter os assentamentos judaicos da Cisjordânia e o controle sobre Jerusalém Oriental, setor tradicionalmente árabe da cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos. Israel também é contra a possibilidade de retorno dos refugiados palestinos, pois a entrada dos palestinos expulsos ou foragidos e de seus milhões de descendentes significaria o fim de Israel como um Estado judeu.

A oferta saudita, no entanto, não exige explicitamente o retorno dos refugiados, mas sim a busca por uma "solução justa", o que abre espaço para o pagamento de indenização aos palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas casas na época.

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