O triste destino do 9.º colocado do Paulistão

O regulamento do campeonato paulista deste ano determina que os oito primeiros colocados avancem para as fases finais, enquanto os últimos times disputem um rebolo para definir os dois rebaixados. E o nono? De acordo com a Federação Paulista de Futebol, o nono colocado não disputa mais nada, encerra sua participação e se classifica automaticamente para o Paulistão de 2004. Fica a pergunta: prêmio ou castigo?

No rebolo, as equipes serão divididas em dois grupos, onde elas jogarão entre si. As fases finais serão disputadas em forma de mata-mata, com exceção da primeira rodada. Em tempos de crise financeira, onde o dinheiro se torna raridade entre os times menores, este Paulista de tiro curto, que já prejudicou vários clubes, pode ficar ainda pior. E os dirigentes e treinadores divergem sobre se é melhor disputar o rebolo ou ficar na nona colocação.

Roberto Murbach, presidente do União Barbarense, acredita que ficar sem jogar acarretaria muitos prejuízos para o clube. “Pensando no aspecto financeiro, caso o time não se classifique é melhor disputar o rebolo. Os contratos dos jogadores vão até o fim do campeonato, mas se nós ficarmos sem jogar, vou ter que continuar pagando, mas sem ter como arrecadar verba com bilheterias.”

Jairo Livólis, presidente do Santo André, tem certeza que ficar na nona colocação é muito melhor do que correr o risco de ser rebaixado. “Sem nenhuma dúvida, eu prefiro ficar em nono, até porque eu vou ter certeza que meu time lutou pela classificação até a última rodada. No rebolo as rendas serão deficitárias e não pagarão nem mesmo o custo do jogo. Sem contar que vou economizar dinheiro com hospedagem, alimentação e outras coisas.”

A diferença de opinião entre os dois presidentes, deve-se também à posição dos clubes no cenário nacional. Enquanto o União Barbarense tem como principal torneio no ano o campeonato paulista, o Santo André ainda vislumbra uma série C do campeonato brasileiro. Com isso, como disse Murbach, o time de Santa Bárbara D?Oeste fez contratos de apenas três meses com os jogadores, enquanto o Santo André já tem garantida participação em outro campeonato.

Outro clube que prefere se livrar de uma vez do rebaixamento é o Marília, que vive situação parecida com a da equipe do ABC. O MAC irá disputar a série B do brasileiro este ano. “O melhor é se classificar, caso contrário, prefiro ficar em nono”, afirmou Beto Mayo, presidente do clube.

Entre os treinadores, as opiniões também são divergentes. Luiz Carlos Ferreira, técnico do Santo André, e Paulo Sérgio Tognasini, técnico do Juventus, têm motivações díspares. Ferreira concorda com seu presidente e, se não atingir a classificação, quer a nona posição. “Apesar de o nono ser uma posição incômoda, é melhor. Mas prefiro queimar etapas depois”, disse. Para Tognasini, o paulista nem começou. “O campeonato começa para a gente no rebolo, tanto que esta primeira fase estou usando para testar todos os jogadores.”

Para os atletas, o rebolo tem uma motivação extra: os bichos. Nessa fase, para se livrar do rebaixamento, as diretorias costumam aumentar os bichos e prometer prêmios extras. O veterano Gílson Batata, atacante do Barbarense, prefere ficar jogando. “Com certeza, para nós jogadores, é muito melhor permanecer jogando do que parar e ter disputado somente seis jogos.”

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