O preço da execração

A reforma ministerial pretendida pelo presidente Lula parece estar pautada na letra do samba do crioulo doido, apesar da incorreção política da expressão, um dos legados do extraordinário humorista Stanislaw Ponte Preta, que entre outras preciosidades de seu gênio criador deixou-nos o Festival de Besteiras de Assola o País (Febeapá).

Pois um dia desses, o próprio Lula teria feito jocosa apreciação, certamente retirada do fundo do baú da memória e em tudo inspirada na letra que misturava, a propósito, alhos com bugalhos na estrepitosa cena nacional. ?Os amigos que erraram vão sambar?, afirmou o presidente, segundo interlocutores da ocasião em referência pessoal e direta a José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Sílvio Pereira, nomes mais expressivos da cúpula petista.

Consta, e a manifestação foi registrada pela mídia, que o presidente teria ampliado a conversa, infelizmente com o emprego de termos não protocolares, mas enfatizando que ?quem mijou fora do penico? assuma a responsabilidade e pague o preço da execração pública.

Pilhado em sua boa-fé, todos concordam que Lula é homem crédulo e incapaz de alimentar maledicências sobre companheiros de primeira hora, mesmo dando razão aos que sustentam a tese provável de o presidente ter conhecimento da sujeira em que esses amigos mergulharam, o calor da hora exige postura legítima de comandante-em-chefe.

A explosão verbal do presidente é um indício do profundo mal-estar que o atingiu e ao governo, ademais do convencimento da necessidade de dar urgente e definitiva satisfação ao País. Esse é o momento.

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