Nunca mais

Os eleitores de todo o território nacional começaram, a partir de ontem, quando os programas de divulgação dos projetos de cada candidato também tiveram início, a definir o voto a ser digitado nas urnas eletrônicas no dia 1.º de outubro próximo. A propósito, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, em cadeia nacional de rádio e televisão na noite desta segunda-feira, instou os eleitores a fazer suas escolhas com base no exame meticuloso não apenas das propostas, mas do comportamento pessoal daqueles que se aventuram a pedir votos.

É desnecessário multiplicar conceitos sobre a importância das eleições, que se repetem em períodos de dois anos, possibilitando ao povo brasileiro indicar pelo voto secreto os dirigentes políticos que exercerão o mandato popular, da Câmara de Vereadores do mais distante município à Presidência da República.

Somente por esse aspecto dever-se-ia ter em alta conta o chamamento do presidente do TSE, porque estão bastante vivas na memória dos eleitores as marcas indeléveis produzidas por maus políticos na imagem de dignidade incorruptível que deveria caracterizar o exercício da vida pública. Revelou o ministro Marco Aurélio a verdade acaciana que as conseqüências da má escolha eleitoral produzem seus frutos por muitos anos, realidade suficientemente conhecida pelos constantes retrocessos na caminhada democrática, embora com reflexos tardios na consciência do eleitor.

Há um fato comprovado pela experiência da maioria quanto ao esquecimento do nome do candidato a deputado estadual ou federal a quem se deu o voto. Triste realidade num País carente de representantes legislativos à altura dos anseios e reclamos da imensa parcela desassistida da sociedade, muitas vezes utilizada como massa de manobra por políticos inescrupulosos que jamais serão cobrados, porquanto relegados ao benfazejo olvido dos eleitores.

Seria excelente sugestão a esses brasileiros crédulos que anotassem no arquivo de fatos relevantes da família (nascimentos, casamentos ou mortes de parentes) também o nome e o número dos candidatos em quem votaram na última eleição. Talvez a recomendação seja tachada de ridícula, ou coisa pior, mas é sabidamente a única maneira de manter o vínculo com os adventícios que só aparecem de dois em dois anos. Até para saber em quem não votar outra vez.

Muitas são as evidências do amadurecimento dos votantes brasileiros de alguns anos a esta parte. Contudo, ainda há espaço para demagogia, desfaçatez e mentira deslavada, além das absurdas promessas que jamais serão cumpridas. A hora é de reflexão e bom senso: os beneficiários da propaganda enganosa, além de serem vigiados com rigor pela Justiça Eleitoral, por mais que se esforcem, não conseguirão ludibriar a todos com mensagens apelativas e fantasiosas. Mensaleiros e sanguessugas nunca mais!

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