Novo teor de álcool na gasolina sai na próxima semana

O governo federal cedeu aos usineiros e vai retornar a mistura do álcool anidro à gasolina, nesta segunda-feira (23) em 20%, para até 25% ainda este ano. A previsão inicial era que esse aumento ocorresse só em janeiro. A decisão será anunciada na próxima semana já que, por forçar uma queda nos preços da gasolina, poderia ser classificada como eleitoreira e daria à oposição munição para ataques ao presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na reta final do segundo turno.

É possível, mas muito improvável, que o aumento na mistura suba para 22%, o que seria uma posição bastante cautelosa do governo, por temer uma nova crise de desabastecimento do álcool, semelhante à do início deste ano. À época, houve a disparada nos preços do etanol e a redução da mistura para 20%. A posição de aumento para 22% é defendida por uma corrente ligada ao Ministério das Minas e Energia.

No entanto, há praticamente um consenso entre técnicos do governo e usineiros de que é possível aumentar a mistura para 25% já a partir do próximo dia 1º de novembro. Outra possibilidade é que isso ocorra em 1º de dezembro. A partir da data oficial, a mistura só deverá voltar a 25% ou subir para 22% em todo o País em cerca de 20 dias, por questões logísticas da Petrobras, que faz a adição do anidro à gasolina.

Apesar de o ministro da Agricultura Luís Carlos Guedes Pinto presidir o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), órgão que define esse tipo de política, a decisão final sobre o assunto será da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Esse assunto está com a ministra Dilma", afirmou o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Linneu Carlos da Costa Lima. A decisão, aliás, já deveria ter ocorrido, segundo o próprio Lima, em uma reunião prevista para o final da semana passada, mas cancelada a pedido da ministra.

O ministro da Agricultura disse que não há ainda número fechado sobre o porcentual da mistura, mas confirmou que a decisão será tomada na próxima semana. "É claro que para se tomar uma decisão como essa, e ela tem um impacto muito grande em todo o País, isso implica uma adequação de todas as refinarias da Petrobras; não é uma medida simples", disse Guedes, que admite a relação entre o atraso na decisão com as eleições ao justificar que o anúncio será feito "na semana que vem para não se acusar mais uma vez o governo de tomar medidas e se atribuir a elas um caráter eleitoral, o que definitivamente não é verdade", concluiu.

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