Novo ministério é tema de conversas durante cerimônia no TSE

Emoção e lágrimas a parte, nem mesmo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu fugir do tema principal de todas as rodas de conversa entre parlamentares do PT e de partidos aliados e integrantes do primeiro escalão do futuro governo: a montagem do ministério petista. Em meio aos cumprimentos do seleto grupo de convidados da cerimônia de diplomação, Lula deixou escapar que anunciará mais um ?bloco de ministros? na quarta ou quinta-feira.

Em meio à polêmica em torno da participação do PDT no futuro governo, o presidente de honra do partido, Leonel Brizola  tratou de abraçar Lula e  foi chamado a posar para uma fotografia ao lado do futuro ministro-chefe do Gabinete Civil, deputado José Dirceu (PT-SP). ?Vamos tirar uma foto porque estão intrigando a gente?, disse Dirceu. Mais que depressa, Brizola abraçou o petista, abrindo um sorriso.

Meia hora antes, porém, o mesmo Brizola havia se queixado do PT, especialmente por ainda não ter sido procurado diretamente por Lula. ?Temos grande apreço pelo José Dirceu, mas no regime presidencialista quem faz os entendimentos é o presidente da República?, disse o ex-governador. Embora tenha prometido o apoio de seu partido ao futuro governo, com ou sem ministério, Brizola não disfarçou a irritação com a insistência de alguns petistas de confirmarem, nos bastidores, a indicação do líder na Câmara, Miro Teixeira (PDT-RJ), para o Ministério das Comunicações.

?O Miro é uma personalidade. O que nos incomoda é a prática de um governante de querer nossa participação e nos considerar prateleira de supermercado, pela qual se passa com um carrinho, carregando o que se quer. Nem o Miro nem ninguém pode ser tratado como prateleira?, protestou. Ele insistiu na tese de que o tratamento tem que ser institucional e acabou contestado pelo presidente nacional do PT, deputado José Genoíno (SP).

?Esta crítica não procede porque estamos tratando o PDT com muito respeito?, disse Genoíno, ao lembrar uma reunião com o próprio Brizola no último domingo. ?Combinamos de não falar nada sobre a conversa e estamos cumprindo o combinado?. Genoíno aproveitou para pedir ?bom senso? aos aliados, deixando claro que os entraves da negociação decorrem mais de disputas internas nos partidos do que do PT ou do presidente eleito. E ao mesmo tempo em que Dirceu insistia não ter culpa alguma dos problemas internos no PSB, PDT ou mesmo o PMDB, Genoíno o defendia.

?É bom que fique claro que o presidente Lula não vai entrar nas questões dos partidos. José Dirceu tem delegação e plenos poderes para negociar. Não aceitamos, portanto, a prática de procurar diretamente o presidente da República para resolver questões internas dos partidos nem vamos permitir que o envolvam nas negociações?, sentenciou Genoíno, ao explicar que Lula só entra em campo na hora de bater o martelo.

O PMDB, que deve ficar fora do ministério, também não mandou representante à solenidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) compareceu na condição de presidente do Congresso Nacional.

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