Novo ministério de Lula dificulta reformas

O novo ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva preencheu as conveniências políticas de um governo de coalizão formado por 11 partidos de tendências ideológicas que vão da centro-esquerda à centro-direita, mas reforçou o viés anti-reformas que deve marcar este mandato. Após cem dias do seu segundo mandato, tendo de contornar os problemas naturais de uma aliança tão ampla, o presidente deixou em segundo plano as reformas estruturais que enunciara nas primeiras semanas de governo – previdenciária, trabalhista, sindical, tributária e política.

Para o líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) será uma alternativa. ?Primeiro, vamos de PAC. Depois, será a vez da reforma política?, disse. Quanto às outras reformas, Múcio acha que ?as propostas surgirão naturalmente?, mas não aposta nelas para este ano.

A resistência às reformas é manifestada sem dubiedade pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT). ?Podem me chamar de antiquado, de atrasado, dizer que estou fora do mundo atual. Mas não vou defender reformas que tiram os direitos do trabalhador. Não tem como sair reforma trabalhista ou sindical sem consenso entre trabalhadores. E o consenso é muito difícil.

‘Colo dos pobres’

Para a Previdência, Lula levou o ex-titular do Trabalho Luiz Marinho, um de seus mais fiéis aliados. Mas nem o presidente deu esperanças de que trabalhará por uma reforma profunda, capaz de acabar com o déficit da Previdência, que em 2006 foi de R$ 41 bilhões. No discurso de posse de Marinho e Luppi, em 29 de março Lula admitiu que o déficit vai permanecer, até porque não pretende fazer reformas com medidas jogadas ?no colo dos pobres?.

Já a reforma política anunciada por Lula pode não ser aquela que segundo ele, iria revolucionar o sistema eleitoral e político do País. O ministro Tarso Genro, que vinha tratando do assunto, deixou as Relações Institucionais para assumir o Ministério da Justiça. Walfrido Mares Guia, o substituto de Genro, já confidenciou não ter apetite para tratar da reforma política.

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