Bill Gates está se aposentando. É isto mesmo. O mais importante executivo da história da economia moderna está ?pendurando as chuteiras? no caso dele, o mouse e o teclado. Fundador e presidente da Microsoft, Gates deixou o cargo no fim da semana para se dedicar à filantropia, na fundação que leva o nome dele e da esposa Melinda. Dono de uma fortuna de US$ 58 bilhões, ele, aos 52 anos, quer agora aproveitar a vida.
Talvez seja o primeiro caso de ?novo líder? que abdica de todo o seu poder no auge da criatividade. Claro que Bill Gates viu, nos últimos anos, o império da Microsoft ser ameaçado constantemente por rivais menores e mais ágeis, mas nada dá a entender que sua empresa será suplantada em definitivo. Muito pelo contrário, hoje a Microsoft é uma marca global, do tamanho da Coca-Cola, da Disney e de poucas outras.
Fruto, em grande parte, do trabalho e da persistência de Bill, que colocou toda a sua criatividade e seu pouco dinheiro à época em nome de uma idéia, a que era possível imaginar um planeta em que os computadores seriam parte integrante da casa, e não os trambolhos destinados a pesquisas científicas e ao processamento de dados. Quando ele (e o amigo e sócio Paul Allen) pensou nesta ?heresia?, era 1975. O tempo provou que estavam certos.
Por isso, foi chamado de visionário. Mas era sim um atento observador da revolução digital. Ele captou a absurda velocidade da evolução dos processadores e percebeu que, para acompanhar tal melhora, os computadores precisariam de sistemas operacionais que coordenassem tanta memória. Daí surgiu o Windows, um fenômeno de marketing e de vendas que mudou a história.
De tanto perceber as coisas antecipadamente, Bill Gates percebeu também que precisaria abrir passagem para um sucessor antes que seu legado se tornasse um empecilho para o futuro da Microsoft e, por tabela, da indústria digital. Encontrou dentro da empresa o seu novo líder, Steve Ballmer, da mesma idade, mas muito mais expansivo que Gates. E, como sempre aconteceu, rei morto, rei posto.