Nomeação de brasileiro para posto da ONU é criticada por ONGs

A nomeação do brasileiro Sérgio Vieira de Mello para o cargo de alto comissário da ONU para direitos humanos não agradou as organizações não-governamentais (ONGs). Em um comunicado de imprensa, uma das principais ONGs ligadas aos direitos humanos, a Human Rights Watch, alerta que o brasileiro ?chega ao cargo com um bagagem diplomática impressionante, mas que lhe falta experiência prática sobre temas de direitos humanos?.

Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, indicou Vieira de Mello para substituir a atual alta comissária de direitos humanos das Nações Unidas, Mary Robinson, que deixa o cargo no próximo dia 11 de setembro.

Depois do anúncio, uma série de ONGs tentaram entrar em contato com diplomatas brasileiros para saber quais seriam as visões de Sérgio Vieira de Mello sobre temas como o conflito no Oriente Médio, no Afeganistão, direitos dos indígenas e outros assuntos relacionados aos direitos humanos.

O temor das ONGs é de que, apesar da competência comprovada do brasileiro no Timor Leste, Líbano e Kosovo, sua carreira foi toda dentro do sistema da ONU. Por fazer parte da estrutura das Nações Unidas, a nomeação de Sérgio Vieira de Mello poderia ser prejudicial para aqueles grupos que desejam pressionar os governos, inclusive as grandes potências, para que respeitem os direitos humanos.

?As crises em relação aos direitos humanos no mundo exigem que o novo alto comissário assuma uma defesa robusta dos princípios dos direitos humanos?, afirma a Human Rights Watch.

Para o diretor da ONG, Kenneth Roth, o desafio de Sérgio Vieira de Mello será provar que ele poderá enfrentar os governos e ser um representante permanente das vítimas dos abusos dos direitos humanos no mundo.

A atual comissária de direitos humanos, Mary Robinson, parece ter adotado a linha de atuação sugerida pela ONG. Nos últimos cinco anos, Robinson não se intimidou e tratou de temas delicados, como as agressões por parte de israelenses nos territórios palestinos. A conseqüência foi a antipatia criada na Casa Branca por seu trabalho e o enfraquecimento de sua função.

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