Nomeação amarrotada

O novo figurante brindado com uma cadeira de alto espaldar na Esplanada, senador Edison Lobão (PMDB-MA), assume amanhã o posto de ministro de Minas e Energia, substituindo o interino Nelson Hubner, ex-chefe de gabinete da ministra da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff.

A ministra bem que tentou manter seu auxiliar de confiança, ela que já havia referendado a nomeação do ex-ministro Silas Rondeau, técnico competente que a sucedeu nesse mesmo ministério. Como o ambiente político é deveras nebuloso e acaba sucumbindo diante do oportunismo deslavado, não há outra hipótese senão registrar o desapreço do Planalto quanto à opinião da chefe da Casa Civil e sua comprovada experiência na área, ao apregoar a necessidade de colocar à frente da pasta um servidor de perfil técnico compatível com os desafios atuais e dotado da formação exigida para o executor das políticas públicas para o setor energético.

Em que pese o respeito conquistado pela ministra em seus constantes despachos com o presidente Lula e, ainda, seu desempenho proativo como ?gerente? da máquina administrativa e do conjunto de projetos pretendidos pelo governo, de modo especial o PAC, prevaleceu o vezo coronelista do senador José Sarney (PMDB-AP) que obteve a fórceps a nomeação do apadrinhado Edison Lobão.

Para desmistificar a amarrotada imagem de que mais uma vez o governo cedeu à pressão do maior partido da coalizão, invocou-se pela undécima vez a surrada jaculatória de que a escolha dos auxiliares diretos se norteará rigorosamente pela necessidade de contar com os técnicos mais habilitados para as funções-chave do ministério.

Nada impede que o PMDB, que exige o preenchimento de sua cota de cadeiras ministeriais, exulte com a nomeação de um político sem a menor tradição no partido, pois até outro dia integrava a bancada de senadores do antigo PFL. Também é irrelevante o fato de Lobão não ter conhecimento da área que vai comandar a partir de hoje.

A nomeação de Lobão, a princípio, suscita uma questão kafkiana, pois seu substituto é Edison Lobão Filho, ainda filiado ao grêmio abandonado pelo pai. O dilema é que o PMDB ganha o ministro, mas perde a cadeira no Senado, a menos (e tudo leva a crer) que o suplente salte do barco pefelista. O caldo vai engrossar, pois o Democratas quer investigar os malfeitos imputados à atividade empresarial desenvolvida por Lobão Filho.

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