No Rio de Janeiro, centenas dormem em chão de aeroporto

Centenas de passageiros dormiram no chão do saguão do Aeroporto Internacional Tom Jobim por conta dos atrasos e cancelamentos de vôos de madrugada. Poucos conseguiram ser alojados em hotéis pelas companhias aéreas. "Vivi a experiência de um mendigo", afirmou o técnico de instrumentação Carlos Urubá, de 49 anos.

Ele trabalha 14 dias embarcado numa plataforma de petróleo. Desde sexta-feira, tentava voltar para casa, em Maceió, onde passaria duas semanas. "Já perdi dois dias da minha folga nesse aeroporto, dormindo no chão duro", reclamou. Ele vai processar a Gol, que não pagou a hospedagem.

O empresário Filipe Lopes, de 22, também tentava voltar para Maceió. Deu menos sorte que Urubá, que embarcaria às 13 horas de ontem. O vôo de Lopes só estava previsto para a 1 hora de hoje. "Cheguei com a roupa do corpo para participar de um evento e voltar para casa. Vou passar 31 horas no aeroporto, se tudo der certo no domingo", afirmou, lamentando que teria de passar mais uma noite no aeroporto. Lopes também dormiu no chão. Usou a pasta como travesseiro e cobriu-se com o paletó.

Na noite de sexta-feira, um passageiro exaltado agrediu a funcionária da BRA Margareth de Souza. Ela foi defendida por outros passageiros, que chegaram a derrubar o agressor. Muito nervosa, Margareth chegou a dizer que processaria o homem, mas desistiu de registrar queixa na polícia.

Diante da longa fila para o check in, que chegava a duas horas, e da incerteza do embarque, muita gente desistiu de viajar. E teve de encarar fila ainda maior, de até quatro horas, para remarcar o vôo. A gaúcha Cláudia Nascimento, de 31 anos, desistiu de tentar embarcar para Porto Alegre com o marido e os filhos de 2 e 5 anos. "No segundo turno das eleições esperamos 8 horas no aeroporto, no Natal foram 10 horas. As crianças já não agüentam mais essa situação", disse.

Cláudia havia tentado seguir a recomendação da Gol de não ir ao aeroporto e remarcar a passagem pela internet ou pelo telefone. Não conseguiu. "Eu era a 47ª da fila no site da Gol, mas a janela se fechou de repente. O 0300 nem atende".

O estudante de medicina Omar Salha, de 28 anos, também decidiu voltar para casa. Ele saiu de Petrópolis, na Região Serrana, às 15 horas de sexta. Chegou a embarcar no vôo para Brasília às 19 horas, mas o avião não decolou. "Passamos duas horas na pista e o comandante tentava nos tranqüilizar. Descemos às 21 horas". Salha enfrentou quatro horas de fila para remarcar o vôo para domingo ao meio-dia. Depois, esperou até as 3 horas para reaver sua mala. Voltou ontem para Petrópolis.

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