Nível de incerteza na economia nacional ainda é alto, diz Gros

O nível de incerteza na economia brasileira ainda é muito alto e continua inviabilizando a abertura de um ciclo de investimento de longo prazo no País. A análise é do diretor presidente da Fosfértil, Fransisco Gros, apresentada no painel ?Condições para a retomada do crescimento: equilíbrio macroeconômico e reformas constitucionais?, no 18º Congresso do Mercado de Capitais, que se realiza até amanhã em Brasília.

Francisco Gros destacou o trabalho desenvolvido pela equipe econômica do governo Lula para a consolidação de um bom ambiente macroeconômico com estabilidade e responsabilidade fiscal que, para ele, são elementos fundamentais para viabilizar qualquer processo de retomada efetiva dos investimentos.

Mesmo assim, ele ressaltou que a incerteza econômica continua sendo nosso principal dilema: ?precisamos reduzir o nível de incerteza da economia, pois o investimento de longo prazo foge da incerteza como o diabo foge da cruz?. Segundo Gros, o fato da economia nacional estar muito bem operacionalmente – câmbio controlado, inflação baixa, exportação crescente e visão externa positiva – não é suficiente para a retomada espontânea dos investimentos de longo prazo, que operam baseados em fatos, regras claras e números concretos dentro de um horizonte de 10 a 15 anos.

Para o professor de Direito Tributário e Mercado de Capitais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ary Mattos Filho, falta um marco jurídico legal para que o mercado de capitais seja capaz de atrair os investimentos de longo prazo. ?A falta de jurisprudência para determinadas questões do mercado financeiro e de valores imobiliários afugenta os investidores?.

Na sua opinião, o país deve encontrar o perfil do investidor brasileiro e buscar seu cliente no mercado de capitais. ?Não se transfere cultura de um país para o outro. Temos que descobrir o que o investidor brasileiro busca e o que ele quer?.

Modestamente o investimento está voltando, mas poderia ser muito melhor, observou o superintendente geral da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Gilberto Mifano, que também participou do painel. Ele ressaltou que depois de um longo período de seca, o país voltou a captar investimentos de longo prazo com uma retomada modesta das emissões de papéis, mas suficiente para animar o mercado e as empresas.

?O governo percebe que o mercado de capitais é fundamental para viabilizar o espetáculo do crescimento quer tanto esperamos?, disse Mifano. Para ele, os famosos gargalhos da infra-estrutura nacional – transporte, energia, armazenamento – precisam ser urgentemente solucionados para incrementar os investimentos de longo prazo.

Voltar ao topo