Negociações entre PT e PMDB voltam à “estaca zero”, diz Genoino

Voltaram à “estaca zero” as negociações entre o PT e o PMDB, envolvendo cargos e a sustentação política do novo governo. Foi o que confirmou hoje (11) à noite o presidente nacional do PT, deputado José Genoíno (SP). Segundo ele, o Ministério dos Transportes está definitivamente fora das conversas. Pior: Petistas já admitem que a própria aliança com o PMDB está em aberto e que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pode iniciar seu governo sem maioria parlamentar que lhe dê sustentação no Congresso.

Líderes do PT informam, ainda, que o entendimento entre as cúpulas petista e peemedebista empacou no momento em que o comando do PMDB recusou o nome do senador Pedro Simon (RS) para ministro dos Transportes. Este nome Lula e a direção do PT bancariam. Mas diante do protesto dos próprios petistas – que desconheciam a alternativa Simon – contra a manutenção do ministério nas mãos do PMDB, a conversa ficou difícil.

O drama maior é que o PT não está disposto a dar ao possível parceiro ministérios que tenham autonomia orçamentária. São os casos das Pastas da Minas e Energia e Agricultura, que se tornaram, rapidamente, alvo da cobiça dos mesmos peemedebistas que acabaram descartando os Transportes por duas razões: devido à falta de garantia de verbas para tocar o setor e à preocupação de desvincular a imagem partidária das denúncias de corrupção que pesam sobre o DNER especialmente.

O recuo do PT nas negociações veio justamente no instante em que a cúpula do PMDB chegou a uma conclusão perigosa: A de que, fisiologismo à parte, o partido não tem saída fora do governo. ?O drama do PMDB é o de que, se nos recusarmos a participar, vamos ter este mesmo governo provocando sangria na nossa bancada. E se o PT não aliciar, a cooptação virá do partido que assumir os ministérios que nos ofereceram,? resume, pragmático, um dirigente peemedebista. “Se a direção não se compuser, a ala rebelde o fará e, na melhor hipótese, o PT fica com uma bela fatia do nosso partido”, completa o parlamentar, convencido de que a melhor saída é aproveitar a oferta de ministérios para construir a unidade partidária.

Foi com este argumento que a cúpula do PMDB varou a madrugada trabalhando o apoio dos deputados e senadores para dizer sim ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), insistia ontem em aproveitar a oferta de ministérios no governo petista para trabalhar a unidade partidária. ?O ideal é termos um representante da bancada do Senado e outro da Câmara, ambos unindo todas as correntes do partido?, disse Temer.

Descartada a alternativa dos Transportes, o PMDB insinua a preferência pelas Pastas das Minas e Energia ou da Agricultura.

Também tem gente de olho no ministério da Integração, mas um dirigente do PT diz que este espaço não está em jogo. Há, ainda, o problema das resistências pontuais à tese da participação no governo petista, vindas especialmente de Pernambuco, do Rio Grande do Sul do governador eleito Germano Rigotto, que acaba de derrotar o PT gaúcho, e do Mato Grosso do Sul, onde o PMDB local já se prepara para enfrentar o PT em 2004. O líder na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), é outro que defende a tese do apoio sem cargos por outra razão: a descrença no eventual sucesso do futuro governo. Mas este já disse que não será empecilho para uma composição.

Os nomes, os peemedebistas querem deixar para a segunda rodada de conversas. Por hora, deixam claro apenas que não aceitam imposições.

Dizem que cabe ao PMDB sugerir e ao governo fazer reparos à escolha, se for o caso.

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