Na rota do Mercosul

O amadurecimento do Mercosul faz-se lentamente, como não poderia deixar de ser, pois se trata da formação de um bloco econômico, político e cultural que reúne países com diferenças acentuadas. Entretanto, já têm muitas coisas em comum, a começar pela localização, no cone sul do continente. A consolidação do bloco vinha acontecendo na velocidade previsível, até que a Argentina explodiu em crise. Sendo o segundo maior e mais expressivo país do bloco em formação (o primeiro é, sem dúvida, o Brasil), foi preciso apoiá-la política e diplomaticamente junto à comunidade econômico-financeira internacional, até que recomeçasse a respirar. Hoje, a Argentina tem um novo governo, eleito democraticamente e contando com a confiança de seu povo, depois de ter sofrido uma penosa instabilidade política.

Tanto FHC quanto Lula apoiaram a Argentina e o Mercosul. O atual presidente do Brasil dá passos mais largos que seu antecessor, trabalhando por um Mercosul que reúna todos os países latino-americanos e seja um bloco capaz de negociar tanto com a América do Norte, quanto com o bloco europeu. No caminho da consolidação do Mercosul há tarefas gigantescas e, mesmo que já se fale em moeda única e outros distantes sonhos, há que se montar o bloco pedra sobre pedra, ao longo de muitos anos. Esta construção se faz começando pelo estreitamento e consolidação das relações entre os próprios países do bloco.

Na semana passada, um importante passo foi dado nesse sentido, aumentando a inserção de Curitiba, capital do Paraná e cidade estratégica no Mercosul, nas relações do bloco. A companhia aérea TAM anunciou a inclusão da capital paranaense em rotas do bloco. Começaram a operar dois novos vôos diários com saída do Aeroporto Internacional Afonso Pena, o primeiro rumo a Assunção, no Paraguai, com ligações para Iquique e Santiago do Chile, Córdoba (Argentina), Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba (Bolívia).

O segundo vôo vai a Buenos Aires, capital argentina, com escala em Cidade do Leste, no Paraguai. Até o mês passado todas as opções de vôos entre esses destinos passavam distantes de Curitiba, partindo ou escalando em São Paulo e Porto Alegre.

O presidente da Tam Mercosul, Miguel Candia, esteve em Curitiba, onde apresentou os novos vôos ao prefeito Cássio Taniguchi, que os considerou um meio de divulgar mais e melhor a capital paranaense. Para ele, “a facilidade de acesso entre as grandes cidades do Mercosul vai promover uma integração ainda maior no comércio e no turismo”. Paulo Munhoz da Rocha, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba, participou do encontro e comprometeu-se a dar apoio à TAM com material de divulgação sobre a cidade. O material será disponibilizado para a companhia aérea, o que é correto, porém insuficiente.

As novas rotas servem para aumentar o turismo exportativo, mas o que mais nos interessa é a atração de negócios para Curitiba e todo o Paraná. Turismo também, pois é negócio e a nossa capital pode se mostrar um destino interessante para os habitantes dessas cidades que os vôos da TAM passam a servir. Mas outros negócios, comerciais e industriais, podem e devem ser incrementados. E aí valem as iniciativas de nossos empresários e a divulgação e promoções a cargo de nossas autoridades e entidades, como federações e associações comerciais, industriais, de agricultura e outras. É hora de Curitiba se transformar num ponto essencial ou talvez até na capital do Mercosul.

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