Vladmir Putin nega que seja autoritário e personalista

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou hoje ser autoritário e ter constituído um regime personalista. Ele comanda o país alternando os cargos de primeiro-ministro e presidente há 12 anos.

Em entrevista coletiva, disse que seu governo é democrático e que o maior exemplo disso é o fato de ele não ter mudado a Constituição em 2008 para conseguir um terceiro mandato consecutivo.

Na ocasião, a presidência foi para Dmitri Medvedev, enquanto Putin assumiu o cargo de primeiro-ministro. Após as eleições presidenciais de março, a situação dos dois se inverteu. “Se considerasse que era melhor ir pela via do autoritarismo, teria mudado a Constituição. Seria fácil fazer isso”, afirmou, argumentando que o governo tinha a maioria no Parlamento.

Para Putin, não se deve confundir a democracia com o trotskismo, em referência a regimes ditatoriais ou a anarquia.

O atual presidente voltou ao cargo após quatro anos como primeiro-ministro, entre 2008 e 2012. Antes, tinha sido presidente do país, substituindo BorisYeltsin, que ficou no cargo por nove anos.

Seu partido, o Rússia Unida, possui o domínio das duas casas do Parlamento, que foi escolhido em eleições que são questionadas pela oposição por suspeitas de fraude. Os adversários de Putin também o acusam de perseguição política e repressão a protestos.

Doença

Na mesma entrevista, Putin descartou estar com problemas de saúde e acusou a oposição de fazer os rumores sobre uma doença que estaria passando.

As dúvidas sobre a saúde do presidente russo surgiram na semana passada, devido a suas poucas aparições públicas. Na quinta passada, no entanto, Putin reapareceu, ao lado da presidente Dilma Rousseff, durante a visita da brasileira a Moscou.

Adoções

Putin também disse hoje que considerou “apropriado” o projeto de lei que proíbe cidadãos americanos de adotarem crianças russas, mas disse que precisa ler o texto final da nova medida para poder aprová-la.

O rascunho da legislação foi aprovado ontem pela Duma (câmara baixa do Parlamento russo), em resposta a sanções impostas por Washington a funcionários públicos russos por violação de direitos humanos no país.

Em entrevista coletiva, Putin afirmou que a decisão foi “emocional, mas apropriada” e que responde a uma chamada “falha na proteção dos direitos das crianças russas adotadas”. Para Moscou, a acusação é prova de que os americanos descumpriram o tratado de adoção assinado este ano.

“A maioria dos americanos é honrado, mas a proteção para as vítimas de abusos é insuficiente. Quando se cometem delitos contra crianças russas adotadas, a Justiça americana não reage em absoluto.”

O chefe de Estado russo também defendeu a medida como uma forma de estimular a adoção dos menores por famílias russas e disse que os cidadãos do país se opõem à participação de casais estrangeiros no sistema.

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