Turistas põem em risco patrimônio mundial, alerta Unesco

A inclusão de bens culturais ou artísticos no Patrimônio Mundial da Unesco representa um grande risco para vários locais, mal equipados para receber a massa de turistas, advertiram dois funcionários da agência da ONU. “Trata-se de uma faca de dois gumes”, afirmou o porta-voz da Unesco Roni Amelan ao encerramento da reunião anual da Comissão de Patrimônio Mundial, realizada em Suzhou (oeste da China).

“A inclusão na lista gera lucros que contribuem para deixar o local em boas condições, mas, por outro lado, o turismo cria pressões sobre essas áreas de preservação”, acrescentou Amelan. Isso ocorre principalmente na Índia e China, onde a afluência turística aumenta a cada ano.

“Quando as pessoas têm dinheiro, querem viajar, e ninguém pode impedi-las”, comentou Jing Sheng, representante chinês na Unesco. Mas o afluxo turístico causa sérios inconvenientes: as visitas às grutas de Mogao, na Rota da Seda no noroeste chinês, tiveram de ser restringidas porque a simples respiração dos turistas provocava danos nas cavernas.

Apesar disso, o turismo é necessário para a proteção das áreas de interesse histórico-artístico: “Quando um sítio permanece desconhecido, não há recursos que permitam mantê-lo e restaurá-lo. O turismo é absolutamente crucial para a manutenção dos patrimônios culturais e artísticos”, disse Amelan.

O funcionário acrescentou que a inclusão na lista, muito ambicionada, é motivo de orgulho para as autoridades e populações locais, que muitas vezes adquirem um novo sentimento de responsabilidade para a preservação: “Não se mata a galinha dos ovos de ouro”, observou.

Na reunião anual, a Comissão de Patrimônio retirou três nomes da lista de áreas ameaçadas e acrescentou outros três. As ruínas dos portos de Kilwa Kisiwani e Songo Mnara, na Tanzânia, foram incluídas na lista de risco, assim como a catedral de Colônia, na Alemanha, e a região de Bam, no Irã.

Bam foi atingida em dezembro passado por um devastador terremoto, que causou mais de 26 mil mortos e quase arrasou o sítio arqueológico da milenar cidade.

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