Tribunal condena à morte supostos produtores de filme que satiriza Maomé

Um tribunal do Cairo, no Egito, condenou à morte sete cristãos coptas que são acusados de participação no filme “A Inocência dos Muçulmanos”, que satiriza o profeta Maomé. O vídeo provocou protestos violentos em mais de 30 países islâmicos em setembro.

Os sete produtores, que moram nos Estados Unidos, foram julgados à revelia. A sentença foi decretada pelo juiz Saif al Nasr Soliman, que considerou o filme e sua distribuição um insulto à religião islâmica.

As identidades dos condenados ainda não foram divulgadas. O trailer do filme, com 14 minutos de duração, foi divulgado no site YouTube no último 11 de setembro, data que marcou os 11 anos dos atentados ao World Trade Center, em Nova York.

Nele, o profeta Maomé aparece como mulherengo e ambicioso, enquanto o islã é retratado como violento. As sátiras provocaram uma série de protestos violentos em países muçulmanos que deixaram pelo menos 200 mortos e milhares de feridos.

O vídeo também é apontado como o motivo para o protesto que terminou na invasão do consulado dos Estados Unidos em Benghazi, na Líbia, que terminou com a morte do embaixador americano no país, Christopher Stevens.

Autor

Anteontem, o autor do filme, o egípcio Nakoula Basseley Nakoula disse, em entrevista ao jornal americano “New York Times”, que queria levar à tona “a verdade” sobre Maomé.
“Eu pensei, antes de escrever o roteiro”, disse ao “NYT”, “que eu me incendiaria em praça pública para fazer com que o povo americano e o mundo conhecessem a mensagem em que acredito”.
Na reportagem, o jornal afirma que os relatos das mais de 12 pessoas que trabalharam no filme, além de autoridades da igreja e da polícia, indicam que, ao produzi-lo, Nakoula, 55, era um homem “financeiramente em desespero”.
Parte dos contratados, afirma o “NYT”, foram enganados e acreditavam estar participando da filmagem de uma obra chamada “Guerreiros do Deserto” (“Desert Warriors”, em inglês). Pelo menos uma atriz move um processo contra o diretor.
O cinegrafista foi condenado a um ano de prisão, no começo de novembro, por violar os termos da liberdade condicional que lhe foi concedida em 2009, sobre uma condenação por fraude bancária. Ele teria infringido a regra ao usar um documento falso e mentir para seu agente de condicional.
Os trabalhos para o filme, então chamado “O Primeiro Terrorista”, teriam começado em 2008. Depois de fazer cinco versões para roteiro, ele teria arrecadado US$ 80 mil, aparentemente por meio da família egípcia da sua segunda ex-mulher e de doações de outros coptas.
As filmagens teriam levado 15 dias. A versão completa do filme duraria uma hora e 40 minutos.
Nakoula respondeu às perguntas do jornal por meio de uma carta enviada por seu advogado. Um pedido para entrevistá-lo pessoalmente foi negado pelas autoridades.

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