“Trabalhamos para reduzir impacto da turbulência”, diz Bush

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu que os mercados financeiros passam por ajustes “dolorosos” e disse que sua administração está trabalhando para minimizar o impacto dos problemas de Wall Street sobre a economia norte-americana. “Sei que os americanos estão preocupados com os ajustes que estão ocorrendo em nossos mercados financeiros”, disse Bush em pronunciamento ao lado do presidente de Gana, John Kufuor. “A Casa Branca e toda a minha administração estão centrando foco nisso e estamos trabalhando para reduzir os problemas e minimizar o impacto destes desdobramentos no mercado financeiro na economia”.

O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, disse que o governo tem um papel importante na estabilização dos mercados financeiros, mas acrescentou que “nunca” considerou usar dinheiro dos contribuintes para socorrer o banco de investimentos Lehman Brothers, que pediu concordata hoje. “É importante que os reguladores permaneçam bastante vigilantes, estamos muito vigilantes”, disse Paulson durante uma entrevista na Casa Branca. “Mas nunca tratamos levianamente colocar o (dinheiro dos) contribuintes… na linha para dar suporte a uma instituição”, acrescentou.

Questionado se isso significa que o governo não se intrometeria para socorrer companhias em dificuldades, o secretário respondeu: “Não leia isso como ‘não mais’, leia como é importante, eu penso, para nós mantermos a estabilidade e a ordem do nosso sistema financeiro”. “Risco moral é algo de que eu não trato levianamente”, acrescentou.

Em meio a perguntas sobre se e quando o governo ofereceria um socorro para instituições financeiras em dificuldades, Paulson disse que o dinheiro federal não está sendo usado para um empréstimo-ponte para a seguradora AIG.

“O que está acontecendo neste momento em Nova York não está de forma alguma relacionado com qualquer empréstimo ponte do governo”, disse Paulson. “O que está acontecendo em Nova York é um esforço do setor privado, novamente, focado em lidar com uma questão importante que é a importância do sistema financeira funcionar direito agora”, acrescentou.

Paulson disse que a situação em março, quando o governo deu suporte à compra do banco de investimentos Bear Stearns pelo JPMorgan Chase & Co, era diferente da crise atual. “Eu nunca considerei que seria apropriado colocar dinheiro dos contribuintes na linha como solução para o Lehman Brothers”, disse.

Contudo, Paulson, que participou dos encontros ocorridos ao longo do final de semana em Nova York, sugeriu que ainda está aberto para “medidas adicionais”. “Eu estou comprometido em trabalhar com os (órgãos) reguladores aqui e no exterior, assim como com os membros do Congresso, para tomar medidas adicionais necessárias para manter a estabilidade e a ordem dos nossos mercados financeiros”, disse, sem especificar quais seria essas medidas.

Procurando acalmar o nervosismo no mercado, Paulson deu garantias de que os bancos comerciais dos EUA são seguros e saudáveis e que o sistema financeiro amplo ainda é robusto. “O povo americano pode permanecer confiante na saúde e no poder de recuperação de nosso sistema financeiro”, disse.