Em uma onda de protestos contra a “ocupação” do Tibete e a favor do retorno do exilado líder espiritual Dalai Lama, um jovem estudante tibetano ateou fogo ao próprio corpo nesta segunda-feira na província de Sichuan e elevou o número de casos similares a 19 em apenas 20 dias.

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Segundo a agência tibetana “Phayul”, o jovem estudante, chamado Wangyal e com cerca de 20 anos, ateou fogo ao seu próprio corpo nesta manhã na cidade de Seda, situada ao oeste da China e habitada por tibetanos.

Antes de atear fogo ao próprio corpo, o jovem Wangyal, que estudava no Instituto Popular de Seda, gritava palavras de ordem pedindo a volta de Dalai Lama (exilado em Dharmashala, na Índia) e “liberdade ao povo tibetano”, confirmou à agência “Phayul” uma testemunha da região.

A mesma fonte acrescentou que um grupo de militares chineses chegou ao local logo na sequência e, depois de realizar os primeiros socorros, levou o jovem até um hospital local. No entanto, até o momento, não há informações sobre o estado de saúde de Wangyal.

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De acordo com a agência “Phayul”, Wangyal é órfão e tem três irmãos e uma irmã.

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A ação desta segunda-feira é registrada três dias depois que um camponês tibetano morreu desta mesma forma, em protesto pela “liberdade do Tibete”.

Nos últimos dois anos, mais de 82 casos de imolação já foram registrados na China, sendo que esse tipo de protesto voltou a se intensificar nos últimos 20 dias. Desde o início do 18º Congresso do Partido Comunista (PCCh), no último dia 8, as autoridades chinesas já confirmaram 19 casos.

Organizações tibetanas no exílio, como a Free Tibet, advertem sobre a “tensa situação” na região, onde atualmente há “um grande número de integrantes das Forças Armadas chinesas”. Por conta deste fato, segundo a Free Tibet, um confronto mais intenso pode vir à tona a qualquer momento.

Estas organizações pedem a Pequim atender as reivindicações dos tibetanos para frear essa onda de protesto, enquanto o regime comunista acusa Dalai Lama – que teve um visto de entrada a Taiwan negado na última semana – de encorajar estes protestos com fins políticos.

A China considera o Tibete como parte do país há séculos, por uniões dinásticas e conquistas na época imperial. No entanto, para os tibetanos no exílio, o “Teto do Mundo” era virtualmente independente até ser ocupado pelo Exército comunista no início da década de 50.