Testemunha-chave de processo contra Berlusconi aparece no México

Karim El Mahroug, testemunha-chave no processo conhecido como “Rubygate”, reapareceu essa semana no México, após não comparecer ao júri em Milão. A jovem era esperada para depor sobre o processo que acusa o ex-premiê italiano Silvio Berlusconi de abuso de poder e incitação de uma adolescente à prostituição.

Karim El Mahroug, conhecida pelo nome artístico de Ruby, deveria ter prestado depoimento ontem. Segundo sua advogada, ela não vai retornar à Itália até janeiro. O ex-chefe de governo italiano foi acusado de pagar para ter relações sexuais com Ruby enquanto ela era menor de idade.

A corte ordenou que a polícia procurasse a jovem após ela não comparecer para prestar depoimento, apenas alguns dias depois de Berlusconi ter anunciado que estava concorrendo a um cargo mais uma vez.

A advogada de El Mahroug, Paola Boccardi, afirmou no julgamento que desconhecia onde sua cliente estava, mas disse que ela fez contato hoje, e disse que está no México. Segundo Boccardi, El Mahroug lamenta o transtorno que sua ausência causou, mas afirmou que não estará na Itália no dia 17, para quando está marcada a próxima audiência.

A promotora Ilda Boccassini disse no tribunal que a ausência de El Mahroug foi uma tática de adiamento orquestrada pelos advogados de Berlusconi para evitar que a causa seja julgada antes das eleições, previstas para fevereiro.

O bilionário de 76 anos confirmou que vai se candidatar à reeleição na semana passada, depois que seu partido retirou o apoio ao primeiro-ministro Mario Monti, que anunciou que deixará o poder assim que o Parlamento aprovar o orçamento do ano que vem.

Berlusconi nega todas as acusações e El Mahroug, que tem agora 20 anos, diz que nunca teve relações sexuais com o ex-premiê. O julgamento, onde foram descritas as festas extravagantes de Berlusconi, apelidadas de “bunga bunga”, ganharam destaque na mídia italiana e internacional.

Berlusconi foi primeiro-ministro em quatro períodos, sendo o último entre 2008 e 2011. Ele saiu do cargo em meio à crise financeira do país e respondendo a quatro processos judiciais.

Berlusconi também é acusado de abuso de poder, por ter usado sua posição de chefe do governo para pressionar a Prefeitura de Milão a liberar a jovem depois de ser presa por roubo, em maio de 2010. O ex-premiê diz que interveio perante a polícia de Milão para “evitar um incidente diplomático” com o Egito, já que estava convencido de que Ruby era sobrinha do então presidente Hosni Mubarak.

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