Investigadores sudaneses tentavam determinar nesta quarta-feira (11) o que teria feito com que o avião que ontem aterrissou em meio a uma forte tempestade saísse da pista e explodisse ao tentar aterrissar no aeroporto de Cartum.

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Pelo menos 30 corpos foram encontrados dentro da aeronave carbonizada, mas cerca de 170 pessoas conseguiram escapar, disse Abdel Hafez Abdel Rahim Mahmoud, porta-voz do departamento local de aviação civil.

Quatorze pessoas continuam desaparecidas. É possível, porém, que alguns sobreviventes tenham deixado o aeroporto sem falarem com as autoridades ou passando pela alfândega sem que fossem percebidos no meio da confusão.

O incêndio nos destroços só foi totalmente apagado na manhã de hoje, o que permitiu aos peritos examinarem o interior da aeronave acidentada na terça-feira.

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Os detalhes sobre o acidente com o avião, um Airbus A310 que transportava mais de 200 pessoas no momento da tragédia, permanecem confusos. Segundo informações do governo sudanês, a aeronave decolou de Amã, na Jordânia, e fez escala em Damasco, na Síria. A maioria dos passageiros era de origem sudanesa.

O departamento de aviação civil afirma que a aeronave pousou em Cartum apesar das más condições de tempo, depois de um rápido desvio para Porto Sudão. Segundo o órgão, o piloto estava estacionando a aeronave quando um dos motores pegou fogo. Testemunhas disseram que o piloto pousou mal e teve que frear bruscamente o avião na pista. Especialistas acreditam que isso poderia ter causado a explosão de uma das turbinas, causando o incêndio.

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O chefe da polícia sudanesa, Mohammad Najib, culpou o mau tempo pelo acidente – o piloto do avião chegou a adiar em uma hora o pouso por causa da tempestade de areia, que restringia a visibilidade na capital sudanesa. No entanto, Youssef Ibrahim, o diretor do aeroporto, afirmou à rede de televisão Al-Jazira que a aeronave aterrissou com segurança e o piloto ainda conseguiu se comunicar com a torre de controle. "Mas, nesse momento, um dos motores explodiu e o avião pegou fogo", assinalou Ibrahim. "Acredito que pode ter sido uma falha técnica".

Abbas al-Fadini, um integrante do Parlamento sudanês que estava no avião, afirmou que havia chamas também dentro da aeronave. "O fogo começou no motor direito e depois se espalhou para dentro do avião", disse Al-Fadini, que estava sentado na parte de frente do Airbus e foi um dos primeiros a conseguir sair. "Não sobrou nada do avião, ele queimou rapidamente", acrescentou o parlamentar. "Acredito que o combustível e a alta temperatura local tenham contribuído para o incêndio no avião".

O Sudão tem um extenso histórico de acidentes aéreos. Em maio, um avião caiu em uma área remota do país e matou 24 pessoas. Em julho de 2003, um Boeing 737 da Sudan Airways que voava de Porto Sudão para Cartum, caiu logo após a decolagem. Todas as 115 pessoas a bordo morreram no desastre.

Após a tragédia, as autoridades sudanesas culparam o embargo econômico americano ao Sudão pela queda do avião, porque a aeronave estaria voando com peças antigas. O governo dos EUA assegura que o embargo não inclui peças de reposição para aeronaves civis.

A Airbus informou nesta quarta-feira (11) que uma equipe de especialistas está a caminho de Cartum para ajudar os investigadores. O avião acidentado tinha 18 anos de uso e era operado pela Sudan Airways desde setembro do ano passado.