Um tribunal do leste da China condenou Chen Kegui, sobrinho do dissidente Chen Guangcheng, a três anos e três meses de prisão por lesão corporal dolosa. Ele é acusado de ter esfaqueado policiais que buscavam seu tio em sua casa, na Província de Shandong.

continua após a publicidade

Chen Kegui foi preso após tentar se defender de cerca de 20 agentes da polícia chinesa que tentaram entrar em sua casa à força. Segundo seu pai, ele usou uma faca de cozinha para ferir três policiais que tentavam agredir sua mãe

O sobrinho do dissidente esperou o julgamento preso, sem comunicação com pessoas de fora da cadeia. Ele também não pôde escolher seu advogado, o que gerou reclamações de organizações de direitos humanos. A família e os advogados dizem que o processo é ilegítimo.

Inicialmente, a polícia lhe havia imputado o crime de tentativa de homicídio, mas segundo Chen Guangcheng, os agentes mudaram a acusação por falta de provas.

continua após a publicidade

Para o pai do condenado, Chen Guangfu, o veredicto foi injusto. “O comportamento dele foi de legítima defesa. Quando saiu o veredicto, eu perdi as esperanças na lei”.

Ele disse que ouviu dos policiais que seu filho não decidiu apelar da decisão, mas ele não soube dizer o motivo pois não foi autorizado a entrar no julgamento.

continua após a publicidade

O ativista e amigo da família Hu Jia afirmou que a decisão sobre o julgamento foi tomada com poucas horas de antecedência, o que dificultou a chegada dos amigos e da imprensa para acompanhar a sessão.

Prisão

A prisão aconteceu em abril, mesma época em que seu tio, Chen Guangcheng, que é cego, fugiu da prisão domiciliar após 19 meses de detenção. Ele foi procurar abrigo na embaixada americana em Pequim, onde passou seis dias.

Chen, que foi preso em 2006 por denunciar a política do filho único, foi internado em um hospital na Província de Shandong, ao lado da capital. No início de maio, Pequim providenciou os documentos do dissidente e autorizou a saída dele e da família para os EUA, após o dissidente receber uma bolsa de estudos.

O pedido de asilo do dissidente aconteceu na mesma época em que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, visitou o país. Chen disse que gostaria de ir aos EUA no avião que levara Hillary, porém o pedido foi negado pelo governo americano.