Seis anos sem frei Miguel

Vive-se em clima de lembrança de frei Miguel. Aos 10 de abril de 1997, às 23h30min., na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba-PR, falecia o homem que continua na mente das pessoas dos mais variados lugares do Brasil e do mundo.

Frei Miguel ofereceu ao Criador a vida dedicada de frade capuchinho, manifestada na creche que criou com apoio da comunidade do Conjunto Osvaldo Cruz I, em Curitiba, na doação do confessionário, na forma de aconselhar as pessoas, no hábito diário da oração, na admiração e devoção pela Mãe de Deus, no amor sem medida pela pessoa de Jesus, além de ter seguido os ensinamentos do frei Leopoldo Mándich, canonizado em 1983 por João Paulo II.

Uma forma de diminuir a saudade é falar sobre o frei, como faz o sr. Antonio José Menegotto (53 anos), que mora no centro de Curitiba. Em entrevista ele conta:

Jorge

– Como o senhor conheceu fr. Miguel?

Antônio

– Comigo aconteceu o seguinte. Em 1980 eu tive um problema sério de saúde. Tinha uma dor de estômago que os médicos não descobriam o que era. Uma pessoa conhecida me levou para conversar com o frei. Ele rezou e falou comigo por uma hora. Depois aspergiu-me com água benta e eu quase cai. Era um dia de geada, mas aquela oração foi me deixando tão quente que eu comecei a tirar os agasalhos.

Jorge

– Ele disse o que senhor tinha?

Antônio

– Ele não explicava. Dizia que era do sistema nervoso.

Jorge

– E depois o senhor continuou indo lá por vontade própria?

Antônio

– Nesse dia, depois da oração, fr. Miguel disse: toda semana venha aqui para rezar. E eu fui até que um dia ele falou que eu poderia ir uma vez por mês. Fiquei bom.

Jorge

– Hoje em dia o senhor continua participando das orações da comunidade?

Antônio

– Não só das orações. Colaboro desde o início com a arrecadação de mantimentos. Inclusive fr. Miguel veio duas vezes em minha casa e fr. Ivo mais duas vezes com a Kombi para buscar as doações que arrecado para a creche.

Jorge

– Então a maior parte das pessoas procuravam fr. Miguel para que ele rezasse por sua saúde?

Antônio

– Isso mesmo. Saúde e problema familiar.

Jorge

– Era ele uma pessoa alegre ou séria?

Antônio

– Ah! Ele gostava de puxar brincadeiras.

Jorge

– Como ele agia?

Antônio

– Coitado de fr. Miguel! Por causa dos numerosos problemas de saúde que tinha e diante de tanta, mas de tanta gente que o procurava de todos os lugares, eu acho que era muito controlado.

Jorge

– Chegava ele a perder a paciência?

Antônio

– É… quando as pessoas levavam muitas “fandonhas” (conversas mole) , ele perdia a paciência.

Jorge

– Qual foi a principal virtude dele?

Antônio – Ele era uma pessoa caridosa. Dizia a verdade nem que doesse. Depois a gente entendia que merecia seus puxões de orelha. Era para o bem.

Considerações – O depoimento do sr. Antonio José Menegotto destaca que a personalidade de fr. Miguel se caracterizava pela caridade, simplicidade, oração e atenção para os portadores de problemas físicos, mentais e materiais. Assim como faziam os discípulos do Mestre depois de sua morte, o sr. Antonio e outras pessoas celebrarão o aniversário de fr. Miguel, no dia 10 de abril, na comunidade São Leopoldo Mándich, rua Santa Eulalia de Barcelona, 273, Conjunto Osvaldo Cruz I, Curitiba-PR, orando, revivendo suas palavras e recordando seu exemplo.

Na semana em que se lembra a sua morte, também, se comemora a vida. Frei Ivo Bonamigo, que continua o trabalho de frei Miguel, estará, aos 7 de abril, festejando seu aniversário. Felicidades e muita vida! Além deste registro, a comunidade passou a contar com a presença dos freis Carlos Gonzaga Vieira e Mauro Vellozo Rodrigues, que também são continuadores do trabalho de frei Miguel. Bem-vindos!

Novo membro na Academia

Como frei Miguel se dedicou à comunidade religiosa e se tornou exemplo de dedicação, aproveito este espaço para desejar ao Raymundo Negrão Torres felicidades nesta nova caminhada que inicia na comunidade literária, a Academia Paranaense de Letras do Paraná. No próximo 3 de abril, às 20h30min., na sede do Círculo Militar do Paraná, localizada no Largo Bittencourt, 187, Curitiba-PR, Negrão terá o reconhecimento da comunidade cultural do Paraná pelas várias pesquisas realizadas, entre as quais oito livros. Parabéns!

Jorge Antônio de Queiroz e Silva

é pesquisador, professor e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.E-mail:
queirozhistoria@terra.com.br

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