Secretário da Defesa defende general envolvido em escândalo

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, defendeu hoje o general americano John Allen, que teve sua nomeação para o comando geral da Otan suspensa pelo governo de Barack Obama.

A medida foi tomada a pedido de Panetta, mas ele ressaltou em entrevista coletiva que ninguém deve tirar “conclusões antecipadas” sobre o assunto.

“Foi uma atitude prudente, até que apuremos os fatos, e nós o faremos rapidamente”, disse Panetta. Ele acrescentou que o general Allen ainda tem sua “total confiança” para liderar as forças americanas no Afeganistão.

Allen está sendo investigado pelo FBI (polícia federal americana) por mais de mil páginas de e-mails trocados com Jill Kelley, uma das mulheres envolvidas no escândalo que levou à renúncia de David Petraeus, ex-diretor da CIA.

A investigação custou a Allen uma nomeação certa ao comando geral das forças da Otan que deveria ocorrer na quinta-feira, mas que agora foi adiada e pode não acontecer.

O Departamento de Defesa descreve os e-mails entre Allen e Kelley como “flerte”. Porém, fontes próximas a Allen disseram ao jornal “New York Times” hoje que, embora as mensagens contenham termos carinhosos dirigidos a Kelley, esse é apenas o jeito do general se comunicar.

Um outro general, Joseph Dunford, já foi indicado pelo governo para assumir o lugar de John Allen na liderança das tropas americanas no Afeganistão, mas a medida precisa ser aprovada pelo Senado. Panetta pediu que o assunto seja votado com urgência.

Entenda o caso

Jill Kelley e o então general David Petraeus trabalharam juntos durante anos na base militar MacDill, em Tampa, na Flórida. Ela era voluntária e ele, o comandante geral da base.

Recentemente, Kelley recebeu diversos e-mails anônimos ameaçadores, que diziam que ela deveria se afastar de Petraeus, embora não se saiba se os dois tiveram algum envolvimento romântico. Amedrontada, Kelley pediu ao FBI que investigasse a autoria dos e-mails.

Eventualmente, o FBI descobriu que quem estava por trás das mensagens era a biógrafa enciumada do ex-general Petraeus, Paula Broadwell. Essa investigação levou à conclusão de que Broadwell e Petraeus tiveram um caso, embora ele fosse casado. Broadwell via em Kelley uma rival pelo afeto de Petraeus e, por isso, escreveu os e-mails com ameaças.

O adultério é considerado crime militar nos EUA. No caso da CIA, a questão é vista como perigo para a segurança nacional, já que torna o adúltero um alvo fácil para chantagens.

Na última sexta-feira, após descobrir que o FBI o investigava, Petraeus, que chefiava a CIA há pouco mais de um ano, depois de ser aposentar do Exército, renunciou ao cargo.

Ainda não está claro o grau de envolvimento dos e-mails trocados entre o general John Allen e Jill Kelley com o caso. Allen e Petraeus foram os dois generais de maior destaque do Exército americano nos últimos anos.

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