Salafistas querem imposição da Sharia no Egito

Muçulmanos ultraconservadores mostraram sua força nesta sexta-feira, juntando-se aos milhares de pessoas que se reuniram na praça Tahrir, no centro do Cairo, numa manifestação que marca um crescente racha no movimento manifestante. Ao sul da capital, homens armados dispararam contra um carro com cristãos, matando duas pessoas.

No meio de uma das maiores multidões reunidas na praça desde o levante popular que levou à queda do presidente Hosni Mubarak em fevereiro, salafistas pediam a implementação da rígida lei islâmica – dando início a acusações de que o grupo violou um acordo para manter distante questões que possam dividir os manifestantes.

A decisão da Irmandade Muçulmana, a organização política melhor organizada do Egito, e outros grupos islamitas de participarem do ato aumentou significativamente a quantidade de pessoas presentes. Esses grupos haviam permanecido distantes das últimas manifestações que tinham como objetivo manter a pressão ao conselho militar que tomou o poder após a queda de Mubarak.

Mas a participação de islamitas também destacou o crescente racha entre esses grupos e os ativistas liberais. Alguns grupos islamitas levaram seus membros para a praça para se opor à adoção de uma série de diretrizes para a confecção de uma nova Constituição, após as eleições parlamentares que serão realizadas ainda neste ano.

Partidos liberais endossaram o projeto num esforço para limitar a influência islâmica na nova carta magna caso grupos religiosos conquistem grandes vitórias no Parlamento. O Conselho Supremo das Forças Armadas aceitou a ideia. Mas os islamitas se opõe às diretrizes, dizendo que nada deveria restringir o direito de um Parlamento eleito de supervisionar o processo de confecção de uma nova Constituição.

Embora se oponha ao projeto, a Irmandade Muçulmana não levantou a questão nesta sexta-feira, mantendo o acordo entre os organizadores de evitar questões que possam dividir o movimento.

Em vez de “pacífico, pacífico”, palavra gritada pelos manifestantes durante confrontos com forças de segurança, os salafistas repetiam “islâmico, islâmico”. E, em vez de “o povo quer derrubar o regime” – um grito que ficou famoso na Tunísia e foi adotado em toda a região – os religiosos gritavam “o povo quer implementar a Sharia”, ou seja, a lei islâmica. As informações são da Associated Press.

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