Rússia pode usar armas nucleares em caso de ameaça

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, general Yuri Baluyevsky, afirmou que seu país poderá usar armas nucleares em ataques preventivos para defender a si mesmo ou a seus aliados, em caso de ameaça militar. "Não pretendemos atacar ninguém, mas consideramos necessário que todos os nossos parceiros na comunidade mundial entendam claramente que, para defender a soberania e a integridade territorial da Rússia e de seus aliados, a força militar será usada, também de forma preventiva e inclusive com o uso de armas nucleares", disse Baluyevsky durante uma conferência sobre segurança transmitida pelo canal estatal de televisão Vesti-24.

De acordo com a agência de notícias RIA-Novosti, o general também declarou que a Rússia lançaria ataques preventivos ou usaria armas nucleares "somente em casos especificados nos documentos de doutrina militar da Federação Russa". A doutrina, aprovada pelo presidente Vladimir Putin em 2000, diz que a Rússia pode usar armas nucleares para deter um ataque atômico contra o próprio país ou seus aliados ou mesmo contra um ataque de grande estala com armas convencionais.

O analista militar Alexander Golts disse que quando a Rússia adotou essa doutrina, declarando que poderia ser a primeira a usar armas nucleares contra um agressor, isso refletiu o declínio de suas forças convencionais na década que se seguiu ao colapso da União Soviética, em 1991. "A declaração de Baluyevsky significa que, assim como antes, não temos que contar com nossas forças convencionais para conter uma agressão. Significa que, assim como antes, o principal fator na contenção de ataques contra a Rússia está nas armas nucleares".

Cenário tenso

A declaração do chefe do Estado-Maior foi feita num cenário de tensões crescentes entre Moscou e o Ocidente, alimentadas pela determinação dos EUA de instalar bases de mísseis em países vizinhos da Rússia, como Polônia e República Checa. Outros fatores são a recusa de alguns integrantes da Otan (Organização do tratado do Atlântico Norte, liderada pelos EUA) a ratificar uma atualização do tratado de limitação de armas convencionais na Europa e também pelo apoio do Ocidente à independência da província sérvia de Kosovo.

Segundo a agência Itar-Tass, Baluyevsky não citou nenhum país entre as forças que representariam uma ameaça à Rússia, mas afirmou que as ameaças à segurança do país incluem "o esforço de alguns países pela hegemonia em nível regional e global".

Voltar ao topo