Revista denuncia compra de voto para reeleição presidencial na Colômbia

Um vídeo gravado há mais de três anos por um jornalista com uma congressista que fez a balança pender em favor do governo na votação de um ato legislativo para permitir a reeleição para presidente coloca em maus lençóis o atual chefe de governo colombiano, Alvaro Uribe.

"Em sua declaração Yidis (Medina) lembra que depois de votar a favor da reeleição, ‘o presidente me chamou para agradecer-me e me dizer que o acordo seria cumprido’", informou hoje Daniel Coronell, diretor do canal de televisão Noticias Uno, em uma coluna na Revista Semana, de circulação nacional.

De acordo com Coronell, o acordo seria a promessa de três cargos políticos e de uma posição consular para aliados de Medina.

Na sexta-feira, antes mesmo da divulgação da notícia, o governo adiantou-se à denúncia de Coronell e difundiu comunicado assegurando que "o motivo do vídeo é a obtenção de benefícios e de favores do governo para a parlamentar, simulando que seu voto foi comprado".

Segundo o documento, "o governo não tem nada a esconder no manejo de sua política de dar representação aos partidos da base governista".

Ainda de acordo com o comunicado, a ex-deputada e o jornalista divulgaram o vídeo por considerarem que o governo não cumpriu promessas por não ter nomeado pessoas nem ter entregue "contratos corruptos" a Medina.

A gravação foi feita em agosto de 2004, quando Medina fez as declarações ao jornalista explicando por que decidira mudar seu voto na última hora.

Na época, Medina integrava a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Representantes da Colômbia, que analisa reformais constitucionais, leis estatutários e outros temas.

O governo acusa Coronell de ter manipulado a entrevista e pediu à procuradoria-geral que investigasse o tema.

Coronell, um aguerrido crítico do governo Uribe, assegura em sua coluna que Medina "decidiu votar a favor do ato legislativo que permite a reeleição em troca de três cargos políticos na província de Magdalena Médio na área de seguro social. Além disso, segundo ela, o governo ofereceu um consulado a um integrante de seu grupo político".

O jornalista disse ter acertado com Medina que o vídeo seria tornado público somente se algo acontecesse a ela ou se o governo não se mostrasse sério com seus compromissos.

"Yidis declarou publicamente que não cumpriram (o combinado com ela), eliminando a condição por ela imposta. Nós nos reunimos em 3 e 6 de abril e ela aceitou o fim do acordo, mas na quinta-feira passada me enviou uma mensagem tentando evitar a publicação", escreve Coronell em sua coluna.

O jornalista disse entender a angústia da ex-deputada e a qualificou como "a mais fraca de todos os envolvidos na compra e venda do voto".

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