Cartas e fotos de oito reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) causaram manifestações de repúdio hoje em toda a Colômbia e na comunidade internacional. "Mendieta comoveu e fez todos chorarem", dizia a manchete do jornal El Tiempo, o principal do país, referindo-se ao relato do refém coronel Luis Mendieta, oficial de mais alto escalão em poder da guerrilha, no qual ele fala sobre as precárias condições dos acampamentos das Farc.

continua após a publicidade

"Os que assim torturam podem merecer um trato diferente a um trato de terrorista? De maneira nenhuma", disse, na terça-feira à noite o presidente colombiano, Álvaro Uribe, que hoje se reuniu com as ex-reféns Clara Rojas e Consuelo González de Perdomo, libertadas pela guerrilha na semana passada. Com a repercussão das provas de vida trazidas pelas duas reféns, a França e a Alemanha também anunciaram que não estão dispostas a tirar as Farc de sua lista de grupos terroristas, proposta feita pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, na sexta-feira.

Hoje, membros da cúpula da Igreja Católica Romana, dos partidos políticos e diversas representações diplomáticas na Colômbia também se mostraram indignados com o que consideraram um ataque grave aos valores e à dignidade humana. A comovente imagem da filha de Mendieta, Jenny, de apenas 21 anos, lendo o relato do pai na rede de TV Caracol, a principal do país, ainda hoje era repetida à exaustão.

Na carta, Mendieta conta como os guerrilheiros o obrigam a dormir com correntes no pescoço, atado a uma árvore, apesar de ele estar gravemente doente. "Eu tinha de me arrastar pela lama para fazer minhas ‘necessidades’, só com a ajuda dos meus braços porque já não conseguia mais ficar em pé", diz o coronel, que sofre de dores e inchaços nas pernas por causa das longas caminhadas. "Não é a dor física que me detém, nem as correntes no meu pescoço, mas essa agonia mental, a maldade dos maus e a indiferença dos bons. É como se não valêssemos nada, se não existíssemos.

continua após a publicidade