Refugiados atacam veículos da ONU no leste do Congo

Pessoas desabrigadas pelo conflito armado no leste do Congo atacaram veículos das Nações Unidas com pedras no acampamento de refugiados de Kibati, seis quilômetros ao norte da capital provincial Goma. Os refugiados são parte dos 250 mil desabrigados pela nova série de confrontos iniciada em agosto. Os congoleses reagem contra o que consideram a incapacidade da organização de protegê-los, segundo eles, das atrocidades cometidas tanto pelos rebeldes quanto pelo Exército do Congo.

Um grupo de pessoas no acampamento de Kibati lançou neste domingo (23) pedras contra um comboio e contra os jornalistas que o acompanhavam. “Estamos bastante descontentes com o que (a ONU) está fazendo aqui”, afirmou Boyazo Ruzuba, de 29 anos, um morador de Kibati. “Antes que chegassem (os mantenedores de paz), tínhamos tranqüilidade. Agora, não temos paz, eles estão ajudando os rebeldes.”

Neste domingo, um grupo de assistência médica levou um caminhão repleto de provisões médicas até o leste congolês, pela primeira vez desde que os povos da região se viram ameaçados pelo avanço dos rebeldes. Louise Orton, porta-voz do grupo Merlín, sediado em Londres, informou que os medicamentos seguiriam para 20 clínicas próximas dos povoados de Kanyabayonga e Kirumba, mais de 100 quilômetros a noroeste de Goma. Quase 40 mil pessoas dependem dessa ajuda.

Grupos de defesa dos direitos humanos acusam as forças insurgentes comandadas por Laurent Nkunda de estupros e de assassinatos de civis, e também de seqüestrar menores de idade para lutarem contra o governo. Nkunda nega as acusações.

A ONU mantém 17 mil soldados no Congo e aprovou o envio de outros 3.100. Porém, o governo, cujos soldados, indisciplinados e mal treinados, costumam fugir quando os rebeldes se aproximam, se nega a negociar com os insurgentes.

Em outro fato relacionado com o conflito, um grupo de soldados deteve um comboio das forças de paz da ONU em uma barreira improvisada na rodovia perto do acampamento de Kibati. Depois disso tiraram dos veículos um grupo de homens, acusando-os de serem insurgentes.

O porta-voz das forças da ONU Jean-Paul Dietrich afirmou que havia dez rebeldes rendidos, que se entregariam nesta segunda ao Exército local. Dietrich apontou que após o incidente, ficou combinado que eles se entregariam ali mesmo. Porém, não soube dizer por qual motivo os outros homens – 10 policiais e três civis – também ficaram detidos.

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