Um animalzinho originário da Cordilheira dos Andes, que muitas vezes mais parece um bicho de pelúcia, conquistou os brasileiros. Nos últimos anos, a procura por chinchilas como animais de estimação vem aumentando cada vez mais, principalmente em Curitiba e em outras cidades da região Sul. Junto com os gatos e cachorros, as chinchilas são uma opção tanto para quem vive em casa quanto em apartamento.
O interesse dos seres humanos pelo bichinho começou devido à grande beleza, maciez e qualidade de sua pele.
Segundo responsáveis pela loja Toca da Chinchila, que tem sede na capital e é a única especializada somente na comercialização de chinchilas do Brasil, os primeiros a apreciarem a pele foram indígenas que habitavam a Cordilheira dos Andes, chamados Chinchas (de onde vem o nome chinchila). Porém, foi a rainha Isabella, da Espanha, quem divulgou pela Europa a qualidade dos casacos feitos de pele de chinchila.
A primeira pessoa a criar o animal em cativeiro foi o norte-americano Mathias Chapman, que em 1922 visitou o Chile e levou onze exemplares para os Estados Unidos. Devido à iniciativa dele, descobriu-se que a chinchila pode ser uma ótima companhia, principalmente para aqueles que moram sozinhos em apartamentos. Atualmente, poucas pessoas admitem que um bichinho tão amigo e simpático possa ser morto em função da fabricação e comercialização de casacos.
Em média, um casal de chinchilas tem dois filhotes a cada gestação, que dura 111 dias. Apesar da aparência frágil, as chinchilas são animais considerados bastante fortes, que chegam a viver quinze anos. ?É um animal bastante fácil de tratar, não apresentando complicações para seus donos, e que, de acordo com determinação baixada pelo Ministério da Agricultura, não necessita de vacinas. O tipo de pêlo também não permite que pulgas e piolhos se criem?, comenta o médico veterinário Fernando Quadros Dalledone, que é especializado no atendimento de chinchilas.
Em ambiente doméstico, as chinchilas podem ser deixadas em gaiola. O indicado é soltá-las pela casa apenas na presença de pessoas. ?As chinchilas são roedores. Por isso, quando soltas, acabam estragando móveis e fios de computador e telefone. Para que elas possam gastar os dentinhos, o ideal é deixar uma madeira mole (sem tratamento químico) à disposição na gaiola.? Naturalmente, o animal tem hábito noturno. Porém, aos poucos, devido à convivência com o homem, isto vem se alterando.
Por mês, uma chinchila come cerca de um quilo de ração. Essa deve ser especial ao animal e nunca voltada à alimentação de coelhos ou hamsters ou outros pequenos roedores. Qualquer alteração na ração pode causar complicações à saúde do bichinho.
Como alimentação complementar, os donos podem fornecer maçã desidratada, aveia, grão-de-bico cru, abacaxi desidratado, flocos de milho, alface e damasco turco. ?É bom dar estes alimentos com a chinchila no colo, como um agrado. Embora sejam animais silvestres, elas se apegam a seus donos, aprendem pequenos truques e, depois de algum tempo, passam a atender pelo nome. A ligação acaba se tornando muito forte?, revela o médico veterinário Fernando. O animal, no entanto, nunca deve tomar banho com água e sabão. A limpeza deve ser realizada exclusivamente com pó de mármore, no mínimo uma vez por semana.
Adaptação do bicho se tornou fácil e rápida
Quem tem chinchila em casa confirma que o bichinho é dócil e muito inteligente, o que facilita muito sua criação, independente de espaço. Há cerca de um ano, a esposa do músico e jornalista Carlos Augusto Gaertner ganhou uma chinchila de presente de uma amiga.
No começo, Carlos não quis ficar com o animal, pois achou que ele não se adaptaria bem em apartamento. Hoje, ele é bastante apegado ao novo amigo, que faz parte do dia do casal.
?O Marley (nome dado à chinchila) é super-silencioso e brincalhão. Atende pelo nome, não tem cheiro e não dá muita despesa. Gastamos entre R$ 30 e R$ 40 por mês com ração. Há algumas semanas, alugamos uma outra chinchila, a Lilica, para fazer companhia a ele. Tínhamos uma gaiola pequena e agora com duas chincilas já compramos uma maior para que os dois possam se sentir melhor. Mas, mesmo assim eles não tomam conta de muito espaço, o que também é vantajoso?, conta.
Outra apaixonada por chinchilas é a analista de sistemas Wilsea Messias. Ela ganhou um casal há um ano e hoje já está com cinco, sem reclamar dos gastos para manter todos em casa. Além disso, uma das duas fêmeas que ela possui está prenha.
?As chinchilas são um ótimo exemplo para toda a família. Quando os filhotes nascem, tanto o pai quanto a mãe se dedicam aos cuidados com os bebês. Isso mostra o quanto são especiais. Eles são extremamente carinhosos e amorosos. Não há do que reclamar. E o criador acaba se apegando a cada um e a relação fica maravilhosa?, revela. Além das chinchilas, Wilsea tem cachorro, papagaio e sabiá. Ela garante que todos os animais convivem em harmonia. (CV)
Diversidade de cores
A chinchila tem como cor natural o cinza azulado. Porém, devido a muitos cruzamentos genéticos, já é possível encontrar indivíduos pretos, beges, brancos, e até mesmo aqueles que apresentam uma pequena junção de cores.
O preço dos animais não apresenta muita variação. Mais comuns, os cinzas costumam custar entre R$ 45 e R$ 55. Os pretos, em média, são encontrados por R$ 55 o macho e R$ 110 a fêmea. Os beges e brancos, cerca de R$ 70,00 o macho e R$ 110,00 a fêmea.
Há cerca de dois anos, o preço das chinchilas era bem mais alto, e o número de pessoas que criavam o animal era bem reduzido. Além do valor da compra da espécie, o tratamento e manutenção das chinchilas em casa com alimentação adequada, banho e gaiolas, demandava muito dinheiro.
Um macho bege, por exemplo, na época era somente encontrado por cerca de R$ 650. A queda no valor comercial também aconteceu devido à grande proliferação de criação do animal e de sua comercialização como bicho doméstico. Essa grande procura pela espécie fez surgir a concorrência, o que colaborou para a redução no seu preço. (CV)


