Presidente do Mali, de 70 anos, vai se tratar na França

O presidente interino do Mali, Dioncounda Traore, que foi espancado por uma multidão de manifestantes que invadiu seu escritório nesta semana, deixou o país para se tratar na França, segundo informaram nesta quarta-feira um auxiliar do presidente e dois funcionários do governo francês. A partida inesperada e não divulgada de Traore, de 70 anos, deixa um perigoso vácuo de poder no país do leste africano, onde em março houve um golpe de Estado.

Contatado por telefone, um conselheiro de Traore disse que o presidente interino havia deixado o Mali em direção à França para realizar exame cardíacos, pois ele já sofreu um infarto. Dois funcionários do governo francês confirmaram que Traore foi para Paris, onde passará por tratamento médico. As três fontes pediram anonimato, porque causa da natureza sensível do caso.

Mediadores trabalham dia e noite para convencer a junta militar a aceitar a transição para um governo civil. Neste final de semana o líder do golpe finalmente concordou em deixar o poder e a permitir que Traore, ex-presidente da Assembleia Nacional, lidere um governo transitório de um ano antes da realização de novas eleições.

O ataque brutal a Traore fez com que os líderes militares fossem alvo de sanções. Jornalistas viram soldados acenar para os manifestantes no interior do complexo presidencial. Assim que entraram no local, os manifestantes espancaram Traore, que foi levado inconsciente para um hospital local.

Acredita-se que os manifestantes receberam ajuda de soldados leais à junta militar que tomou o poder em março e estão descontentes com a perspectiva de uma transição que leve a um governo civil.

Os países que fazem fronteira com o Mali enviaram negociadores para pressionar a junta a voltar para um governo constitucional. Pela constituição do país, se o presidente não puder concluir seu mandato, o presidente da Assembleia Nacional se torna presidente interino por um período de transição, antes que novas eleições sejam organizadas.

Traore é uma pessoa vista com reservas no Mali porque foi um aliado próximo do presidente deposto. Embora o golpe de março tenha encerrado duas décadas de democracia no Mali, muitos expressaram apoio aos militares em razão da frustração com o regime anterior, considerado ineficaz e corrupto. As informações são da Associated Press.

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