Presidente autorizará Exército a atuar como polícia, diz jornal

O jornal egípcio “Al Ahram” informou hoje que o presidente do Egito, Mohammed Mursi, emitirá um decreto para fazer com que o Exército atue como polícia, participando da segurança e da proteção das instituições vitais do Estado.

Caso isso se confirme, a nova medida poderá aumentar as manifestações e a repressão aos opositores que protestam contra o aumento de poder do mandatário e a nova Constituição, escrita por uma assembleia de maioria islâmica.

Segundo a publicação, as Forças Armadas assumirão a função de polícia até o fim das próximas eleições legislativas. A data do pleito será definida após a aprovação da Constituição em referendo, que ainda está previsto para o próximo dia 15.

O “Al Ahram” também informa que o projeto foi aprovado em uma reunião recente do Conselho de Ministros, que se reuniu diversas vezes nos últimos dias devido ao aumento da violência nos protestos, que se concentraram no palácio presidencial nesta semana.

A medida significa um retrocesso no processo democrático do Egito após a queda do ditador Hosni Mubarak. O uso das tropas como polícia foi cancelado pela Junta Militar, que governou o país no período de transição, meses antes de Mursi assumir como presidente.

Na quinta, o presidente já havia pedido às tropas que colocassem blindados para proteger o palácio presidencial, um dia após um confronto entre opositores e integrantes da Irmandade Muçulmana, aliada de Mursi, que deixou sete mortos e mais de 700 feridos.

Tranquilidade

Após uma semana de manifestações intensas contra o presidente, o Cairo amanheceu em tranquilidade, a poucas horas do diálogo nacional convocado por Mursi, em pronunciamento na quinta-feira. As conversas serão boicotadas pela oposição.

A Frente Nacional de Salvação anunciou ontem que não irá à negociação por considerar que o presidente ignorou os pedidos de anulação dos decretos que aumentam seu poder e cancelamento do referendo sobre a Carta Magna.

O grupo é o principal opositor ao governo e é composto pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Mohammed el Baradei, o ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa, e o ex-candidato presidencial Hamdim Sabbahi.

O boicote foi mantido apesar de o vice-presidente egípcio, Mahmoud Mekki, sugerir que o governo poderia mudar a data do referendo, previsto para o dia 15.

Enquanto isso, opositores continuam acampados em frente ao palácio presidencial, protestando contra o referendo da nova Constituição e os decretos que aumentam o poder de Mursi. Tropas do Exército fazem o patrulhamento na região da casa de governo e das embaixadas próximas.

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