O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, visto pelo Ocidente como um alidado contra a militância islâmica, morreu na noite de ontem em um hospital de Bruxelas, após uma prolongada luta contra uma doença. Ele tinha 57 anos.

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As especulações sobre o estado de saúde dele se intensificaram depois que Meles faltou a uma cúpula da União Africana neste mês em Adis Abeba, capital da Etiópia. A imprensa estatal disse que o vice-premiê Hailemariam Desalegn tomará posse como chefe de governo provisório. “O primeiro-ministro faleceu por volta de meia-noite. É hora de que seus restos retornem”, disse a jornalistas hoje o porta-voz Bereket Simon, homem de confiança do político.

Segundo Bereket, Meles estava doente fazia um ano, e vinha se recuperando bem até ter uma recaída e ser levado às pressas para a UTI. Não foi revelada qual era a doença.

A informação foi confirmada pela Comissão Europeia, que aproveitou o anúncio para mandar suas condolências ao país africano. “Neste momento triste quero dar minhas mais sinceras condolências e o mais profundo pêsame a sua família assim como a todo o povo etíope”, disse o presidente José Manuel Durão Barroso, em nota.

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O presidente da Comissão descreveu Zenawi como um “respeitoso líder africano que demonstrou sempre o forte compromisso com a melhoria das condições de vida, não só dos etíopes, mas de todos os africanos”.

Para Barroso, Zenawi sempre lutou para conseguir este objetivo através do combate contra a mudança climática e do trabalho pela unidade africana, assim como pelo desenvolvimento, a promoção da paz e a estabilidade na região, especialmente no Chifre da África.

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Figura expressiva

Zenawi dirigiu a Etiópia por quatro anos, quando derrubou o governo do ditador Mengistu Haile Mariam, então presidente e que tinha sido líder da Junta Militar que controlou o país de 1974 a 1987.

Meles assumiu o poder em 1991, substituindo a junta. Nos anos seguintes, viria a se tornar uma figura política expressiva no continente, além de guiar seu país -um dos mais pobres do mundo- numa fase de forte crescimento econômico.

Em duas ocasiões, ele ordenou que tropas etíopes entrassem na vizinha Somália para combater rebeldes islâmicos. Grupos de direitos humanos o acusam de reprimir com violência as dissidências, mas o Ocidente em geral fazia vista grossa a isso.