Premiê defende austeridade; Berlusconi ataca mercado

O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, defendeu hoje as medidas de austeridade aplicadas pelo seu governo, dizendo que são necessárias para recuperar a confiança no país. Ele pediu aos eleitores que evitem candidatos que prometam “soluções mágicas” à crise financeira.

A declaração é feita horas depois de o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi atacar o mercado financeiro, que reagiu mal a sua indicação para encabeçar a lista de seu partido ao Parlamento e à saída de Monti. A bolsa de Milão fechou com queda de 2,2% e o risco país subiu 25 pontos ontem.

Em entrevista ao canal RAI, Monti defendeu sua política econômica e pediu cuidado aos eleitores contra candidatos que prometem soluções que encobrem os problemas reais que a Itália passa.

O chefe de governo disse que renunciará ao mandato assim que Orçamento for aprovado, mas que desejaria influenciar o debate político durante as eleições marcadas para fevereiro, deixando em aberto seu futuro político.

“A política está acima de qualquer questão de cultura, isto é, é uma tentativa de dar direção às ideias das pessoas. Acho que fiz isso quando era professor, estou tentando fazer nesse curto período como primeiro ministro e tenho certeza que é isso que quero fazer no futuro”, afirmou.

As afirmações deixaram no ar especulações de que Monti tentaria ser o novo presidente ou concorreria com alguns partidos de centro na próxima eleição ao Parlamento, prevista para fevereiro.

Ele anunciou sua renúncia após seu partido, o direitista Povo da Liberdade, ter dito que votaria contra o Orçamento, o que soou como um voto negativo de confiança em seu trabalho. A agremiação indicou Silvio Berlusconi para encabeçar a lista de votação.

Berlusconi

O ex-primeiro-ministro, que busca o quarto mandato, criticou as declarações de Monti, acusando o atual chefe de governo de acatar as decisões da Alemanha. Para ele, a submissão ao governo de Angela Merkel foi o motivo para a recessão na Itália.

Berlusconi chamou o risco país de uma enganação e disse que é usado para “derrubar uma maioria que foi votada pelos italianos”, em referência à maioria de seu partido no Parlamento.

“Quem se importa com os juros que pagam os investidores que compram nossos títulos se comparamos com os que compram os papéis alemães”.

Ele disse que a antecipação das eleições, antes previstas para março, se deve à saída de Monti e não a uma estratégia de seu partido e que não há motivo para alarme nos mercados financeiros.

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