Tensão

Polícia turca prende jornalistas e contrários pedem liberdade

Vários jornalistas foram detidos hoje (14) durante uma operação em curso na Turquia contra o movimento liderado por Fethullah Gules, apontado pelo partido do governo como “Estado paralelo”.

Entre os detidos estão Ekrem Dumanli, editor do jornal Zaman, e Hidayer Karac, presidente do grupo de comunicação Samanyolu, ambos com ligações com o movimento de Gulen. O ex-chefe das operações antiterroristas de Istambul Tufan Erfuder também foi preso.

Alguns produtores de séries de televisão também foram detidos e estão sob custódiia da Direção Geral de Segurança na capital. Mais de 500 pessoas fazem manifestação na tarde de hoje em frente ao edifício da Direção Geral de Segurança e exigem a liberação dos detidos.

O vice-primeiro-ministro da Turquia, Numan Kurtulmus, confirmou a operação, afirmando, no entanto, que “não é apropriado fazer comentários neste momento”. A operação está em curso em 13 províncias da Turquia e, segundo a imprensa local, a polícia vai executar 32 mandados de prisão.

As detenções tiveram início dois dias depois de ter sido difundido, por meio da rede social Twitter, uma mensagem que revelava que o governo estava preparando uma operação policial contra 150 jornalistas próximos ao movimento de Gulen.

Desde que a mensagem foi difundida, centenas de pessoas começaram a concentrar-se em frente à sede do jornal Zaman. Na manhã de hoje, quando a polícia entrou no edifício para prender Dumanli, os manifestantes gritaram palavras de ordem: “a liberdade de imprensa não pode ser silenciada”.

“Tudo isto é um golpe contra a liberdade de imprensa. Deus está com a verdade e os oprimidos. Estes dias vão passar. Temos de defender a democracia”, disse Dumanli no momento da detenção. O editor pediu também aos jornalistas para noticiarem a operação policial sem medo.

“As democracias têm um preço. Se este é o preço, então estamos dispostos a pagar pelo nosso povo”, afirmou o presidente do grupo de comunicação Samanyolu, Hayrettin Karaca.

O movimento islamita de Gutel foi, no passado, o principal aliado do presidente Tayyip Erdogan e do Partido do Desenvolvimento. Depois de divergências políticas, Gutel exilou-se nos Estados Unidos.