Assessores da Casa Branca deram início ontem a uma operação de emergência para abafar o atrito interno a respeito da estratégia para a guerra no Afeganistão e sufocar a ligeira rebeldia do comandante de campo das forças norte-americanas, general David Petraeus, que assumiu o posto há apenas seis semanas. Planejada e anunciada pelo presidente Barack Obama, a retirada das tropas está prevista para ocorrer até julho de 2011. Mas Petraeus vem afirmando desde sexta-feira que esse prazo não poderá ser cumprido.

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As declarações de Petraeus, reiteradas nos programas de entrevistas políticas do domingo, foram rebatidas ontem pelo secretário da Defesa, Robert Gates, que desautorizou o general ao afirmar que a alteração do cronograma para o retorno das forças está fora de questão. O novo comandante ocupou o cargo deixado pelo general Stanley McChrystal, demitido por insubordinação após fazer declarações nas quais ironizava e questionava as decisões de Washington sobre o Afeganistão.

Indagado sobre a posição de Petraeus, o vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Bill Burton, afirmou que “a data da retirada não é negociável”. “Como vocês viram no caso do Iraque, quando o presidente assume um compromisso, ele o mantém. A data é a data”, declarou Burton.

A política interna explica a resistência da Casa Branca em manter por mais tempo seus mais de 90 mil soldados em território afegão. Obama enfrentará um duro teste em 2 de novembro, nas eleições legislativas que ameaçam pôr fim à maioria de seu Partido Democrata na Câmara e no Senado.

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Impopular, a guerra no Afeganistão iniciada logo depois dos ataques de 11 de Setembro já causou mais de 2 mil mortes de soldados estrangeiros da aliança militar liderada pelos Estados Unidos, avançou pouco para estabilizar a política afegã e fracassou na missão de levar à Justiça o líder da rede terrorista Al-Qaeda, Osama bin Laden. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.