Pinturas a óleo mais antigas do mundo são descobertas no Afeganistão

As pinturas a óleo mais antigas do mundo foram descobertas nas cavernas que hospedavam os Budas de Bamiyan, as famosas estátuas gigantes entalhadas na montanha e destruídas pelo regime talibã em 2001.

A descoberta, que pode reescrever os livros de história da arte, foi feita por um grupo internacional de cientistas que analisou as amostras das pinturas murais junto à Instalação Européia de Radiação por Síncrotron (ESRF, sigla em inglês), na França.

Após a destruição, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que havia inserido as estátuas na lista dos Patrimônios da Humanidade, empenhou-se, ao lado de outros países na reconstrução as duas obras, que foram feitas a 1.500 e 1.800 anos atrás.

No âmbito deste projeto foram restauradas e estudadas também as pinturas murais que decoram o interior das cavernas.

As obras, do século V e IX d.C., representam cenas religiosas, com Buda em vestes vermelhas sentado aos pés de palmeiras em companhia de criaturas mitológicas.

Com uma combinação de técnicas de laser sofisticadas, que vão da microespectroscopia no infravermelho a microfluorescência a raios X, cientistas do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) e do Getty Conservation Institute dos Estados Unidos, coordenados pelo Instituto Nacional para Pesquisa dos Bens Culturais de Tóquio, descobriram que as pinturas murais de 12 das 50 grutas foram feitas com uma técnica de pintura a óleo.

A descoberta impressionou os especialistas dado que as origens dessa técnica sempre foram creditadas à Europa, mais especificamente aos flamengos por volta de 1.400 d.C., como sustentava o artista e historiador Giorgio Vasari, ou aos primeiros séculos antes de Cristo, como escreveram o romano Plínio e o grego Galeno.

Trata-se "do mais antigo testemunho de uma pintura a óleo", já que as pinturas a óleo do período clássico, comentadas pelos autores gregos e romanos, nunca foram encontradas, ressaltou o principal autor do estudo, Yoko Taniguchi.

"Trata-se de uma descoberta muito relevante, é o primeiro documento tão antigo assim que testemunha o uso da técnica a óleo nas pinturas murais e demonstra o quanto tal técnica era difundida para estas pinturas, pessoalmente estou convencido de que os gregos e os romanos já a usavam", comentou o crítico de arte e assessor de cultura de Milão, Vittorio Sgarbi, que viu as pinturas ao vivo.

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