Peru ainda tem ao menos 1.200 turistas ilhados

Cerca de 1.200 turistas de nacionalidades diferentes esperavam, nesta quinta-feira, ser retirados de Machu Picchu e Águas Calientes, povoados isolados pela chuva no Peru.

O resgate já dura quatro dias e, até esta tarde, havia retirado pouco mais de 1.400 pessoas, segundo o ministro dos Transportes Enrique Cornejo. Durante todo o dia, helicópteros transportavam água e alimentos e buscavam os turistas ilhados.

Águas Calientes ficou isolada no domingo, quando a via férrea foi destruída em vários pontos pelo aumento do volume de água do rio Vilcanota. O serviço de trens, a única forma de transporte para retornar da famosa cidade histórica de Machu Picchu para Cuzco, foi suspenso desde então, deixando presos cerca de 3 mil turistas.

As primeiras informações oficiais indicavam que havia cerca de 2 mil turistas no local, a maioria estrangeiros. Os turistas com mais dinheiro conseguiram pagar pelos quartos de hotel, mas os outros que esgotaram suas reservas tiveram de pernoitar na estação de trem, nos vagões ou em barracas.

Segundo informação dos governos da Argentina, Estados Unidos, Chile, Brasil, Uruguai e Costa Rica, em Águas Calientes ficaram presos cerca de 700 argentinos, 400 norte-americanos, 309 chilenos, cerca de 215 brasileiros, 30 uruguaios e 10 costa-riquenhos.

Os alimentos ficaram escassos em Águas Calientes e, segundo denunciaram os turistas, muitos comerciantes aproveitaram-se da situação e dobraram ou triplicaram os preços, agravando o problema dos visitantes, que não podem usar seus cartões para sacar dinheiro porque os caixas automáticos estão vazios.

“Começamos a comer o que nos dá a população local, mas a comida é pouca, muito pobre. Há muitos jovens que estão passando mal porque não têm dinheiro. Nos últimos dias, compartilhei a cama com outras pessoas”, disse à “Associated Press” a turista Sandra Marcheiani, de 34 anos, que viaja sozinha.

Marcheiani afirma também que o espírito solidário tem imperado entre os turistas, que se apoiam mutuamente compartilhando alimentos, juntando dinheiro para alugar uma cama ou um quarto num albergue.

“Os jovens (mochileiros) de todos os países têm suportado bem, não tem havido brigas, tem havido cordialidade, especialmente os brasileiros, que são muito divertidos. Houve a formação de um caldeirão de raças onde compartilhamos tudo. Isso é que devemos destacar”, disse.

Porém, afirmou que o houve indignação inicial porque “as primeiras evacuações foram de pessoas que deram dinheiro”, embora a ordem fosse que se desse prioridade para doentes, crianças, idosos e mulheres grávidas.

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