O Parlamento português aprovou nesta sexta-feira (16) um polêmico novo acordo ortográfico para sua língua-mãe que prevê a padronização do idioma nos países lusófonos. O documento vinha encontrando grande resistência em Portugal porque centenas de palavras teriam de passar a ser escritas como no Brasil. Deputados do governista Partido Socialista e da oposição social democrata votaram em peso em favor de uma proposta do governo para que as mudanças previstas pelo acordo sejam implementadas no decorrer dos próximos seis anos.

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Como de costume, os deputados favoráveis à medida votaram a favor ficando em é no plenário, motivo pelo qual ainda não se sabe exatamente qual foi o placar da votação. O português é a língua oficial de 230 milhões de pessoas em todo mundo, 190 milhões delas no Brasil. O acordo de padronização da língua inclui os sete países lusófonos existentes no mundo: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Brasil e Cabo Verde já haviam ratificado o acordo antes de Portugal.

A proposta prevê, entre outras coisas, que a grafia das palavras seja mais próxima da pronúncia por meio da remoção de consoantes mudas, como no Brasil. Já o alfabeto aumenta de 23 para 26 letras, com a inclusão oficial do "k", do "w" e do "y". O acordo também determina novas regras para o uso de hifens e acentos. A resistência era grande em Portugal, especialmente por parte de escritores e personalidades que consideravam o acordo uma "rendição desnecessária à influência brasileira".

Os defensores das mudanças alegam que a padronização facilitará buscas na internet e uniformizará termos jurídicos para a elaboração de contratos internacionais. Além disso, o governo português tem a esperança de que, com a padronização, o idioma finalmente se torne uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, a ONU tem seis idiomas oficiais: o árabe, o espanhol, o francês, o inglês, o mandarim e o russo.

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